Os gestos mais
bonitos, de Guilherme Aniceto
Ocorrem de longe,
Na limitação do abraço,
Na restrição do beijo,
No controle do afeto.
Os gestos mais bonitos
Desabrocham, silentes,
Como sentinelas de um tempo
Que passa devagar.
Assopro-te um beijo,
Encerro-o nas mãos
E entrego ao meu peito
Como promessa.
Depois da tempestade,
Há de vir um tempo
Em que tocar o outro
Terá mais significado.
Por hoje o tempo me leva
Ao rosto perpetuado do porta-retrato
Repouso no espaço o abraço
No espelho criado de improviso
Aviso que mora a vaidade
Sinto no peito
Sem jeito a saudade
De outros de mim
Que bate sem fim nos meus medos
Já cedo, empalideço
São quinze “pras” cinco
E sinto agora mais que antes
O peso das horas, do livro e da estante
E esta saudade das ideias
Que lentamente me devora
Esta saudade que se sente, mas não se diz
Saudade do que não fiz
Saudade sem saída, que abre a ferida
E declama a poesia pra brincar de ser feliz.
Ter, de Brunno Vianna
Ter entre o tempo e o espaço, um abraço
Ter entre as mãos e as ideias, a cura
Ter entre as letras, o alento
Um dia, quem sabe, literatura
Ter entre a fé o sol, afeto
Entre a imensidão e a canção, deserto
Entre a presença e a ausência, o poema
Carregado de todos nós
Costurando a ternura numa só voz.
Parabéns!
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