sexta-feira, 29 de maio de 2020

Os Autores do projeto Sobre Viver


Antônio Evangelista: Educador social, ator, diretor, produtor, poeta, cronista, romancista e dramaturgo. Já lançou livros na Bienal do RJ, e atualmente participa das antologias: Literarte celebra o Nordeste, Literarte celebra o Sudeste, 300 poemas de Amor, Poemas de Nossa Senhora e Antologia Nordeste. Junto com outros escritores está fundando a Academia Novarrussensse de Letras.

Brunno Vianna: Historiador e especialista em História e Cultura da América Latina. Venceu o Concurso Literário Machado de Assis (2008), o Concurso de Poesia Instantânea do Sarau do Bar (2016), o Concurso Internacional La Vida es Poesía (2016) e publicou três livros de forma independente, dois de poemas e um de prosa.

Clodoaldo Lima: Formado em processos gerenciais pela Faculdade OPET Curitiba – Pr, / Curso de Extensão: “Fé na Prevenção – Prevenção do Uso de Drogas” -  UNIFESP. Formado em instrumentação cirúrgica pelo Instituto São Gabriel, operador de som e luz. Possui dois livros publicados, Luar, em 2017 e Mágicos Segredos, em 2019.

Felipe Favrat: Mestrando da UFRJ em Literatura Brasileira / vernáculas. Pesquisa Literatura de cordel em periferias, em específico, um autor do Complexo do Alemão chamado José Franklin com mais de 130 cordéis. Tem trabalhado com contracordel, uma vertente do cordel que surgiu com o professor doutor Aderaldo Luciano. Explode a formato tradicional intencionalmente, modificando ritmo, rima e métrica; inserindo a poesia popular na modernidade por inteiro

Guilherme Aniceto: Poeta, autor publicado em 2015 pela Editora Literacidade e em 2017 pela Editora Penalux. Colunista e membro do corpo editorial da Revista Subjetiva, bacharel em Administração e especialista em Contabilidade Pública e Responsabilidade Fiscal.

Guilherme Laport: Pós-graduado em Filosofia, graduado em Letras, lançou em 2019 o livro Experimentografias, neste momento, escreve, lê e prepara vídeos para papos sobre leitura de imagens, Movimenta o blog https://udygrudy.wixsite.com/partirdisso
                                                                                     
José Franklin: Nascido no Rio de Janeiro, em Jardim América, é morador do Complexo do Alemão e conhecido como Cordelista do Alemão, tendo feito um cordel sobre a invasão e dezenas de outros temas locais, somando mais de 130 trabalhos. Os assuntos variam entre biografias de famosos e desconhecidos, registros de eventos e ficção científica, assumindo também uma função cronista.

Kevin de Oliveira: Nasceu em 13/12/1999, em Osasco, São Paulo. Possui o hábito da leitura desde cedo, mas começou a escrever aos 16 anos para lutar contra a depressão. Participou da antologia “Vozes Escritas”, organizada por Brunno Vianna e publica seus textos em sua página no Facebook, Apenas Sentimentos, e na plataforma Wattpad.

Rodrigo Ferreira: Nascido no Rio de Janeiro, fez sua estreia literária na antologia ‘Alguns Acenos para agora”, organizada por Brunno Vianna.

Samuel Joaquim: Nascido em 30 de agosto de 1998, em Malanje, província de Angola, tem vinte e um anos de idade, trabalha como dançarino e coreógrafo, começou a escrever em 2015, e essa é a primeira vez que participa de uma antologia brasileira.

Wilson Guanais: Tem mais de 10 livros publicados e participações em 150 antologias. Com a Penalux publicou os livros: Em noites de Sol, de sonho e de lama, A Casca da casca (ou O Lado de dentro), Em branco silêncio e Um poema pra Loba (no prelo).

Texto de Samuel Joaquim Sobre Viver


Tristeza na Felicidade, de Samuel Joaquim

Dizem que o coração tem motivos que a razão não entende. Talvez seja verdade, talvez não. Portanto, o ser humano, muitas vezes se deixa elevar facilmente pelos impulsos insensatos da paixão. De outro modo, seria difícil explicar o que aconteceu na manhã de sexta-feira, na universidade. Uma discussão forte entre o professor e a estudante. Alguns colegas acalmavam a discussão. No momento que acudiam a confusão, Rita apanha à beça por entrar no meio. Ela chorava por apanhar do seu professor, e no meio de muitos estudantes, saiu um de nome Domingos, que estava a lhe consolar bastante, até o ponto de lhe dar um abraço de solidariedade.
Rita sentia-se irritada, e ao mesmo tempo, mais calma, no ombro de Domingos, que era a única pessoa que se disponibilizou fazer calar. O mais engraçado é que Rita não gostava muito de Domingos na universidade, porque era um jovem que só dedicava sua vida aos estudos e mais nada. E com isso, Rita sentia-se aborrecida. Mas ela foi percebendo que no momento em que estava triste que o colega não era a pessoa que ela pensava.
A Rita e o Domingos ficaram grandes amigos, e criaram grupos de estudos na casa da Rita, onde frequentavam de segunda a sexta. Depois de muito tempo Rita melhorou as suas notas na faculdade, até que foi classificada como uma das alunas no quadro de honra.                                                                
Já no mês de agosto, no segundo semestre, depois de terminarem as provas, fizeram um retiro nas quedas de Kalandula, onde ficaram por uma semana, desfrutando das feiras. Lá, Rita fez uma questão: Como escolher alguém para casar? Esta é uma pergunta muito importante para os solteiros e estudantes do universo. Mas antes de saber quem é a pessoa certa para casar é necessário estar num processo de intimidade com Cristo. Ela acabou de se apaixonar por Domingos ao ponto de se declarar. Rita disse: Olha, Domingos, é ruim amar alguém?

-Não é!
-Aceitaria alguém tão próximo de ti de se apaixonar por ti?
E calado ele estava.
-Não ouvistes, Domingos?
-Olha, Rita, isso é difícil de responder.
-Por quê?
-Porque é uma pergunta com cabeça, tronco e membro!

A Rita não precisava de uma resposta tão urgente, mas ela não percebeu a resposta que Domingos lhe deu, e cansou-se de perguntar.
Várias semanas passaram. Num belo domingo ele acordou cedo e não tinha nada para fazer no momento. Pegou o celular e ligou para a Rita dizendo: Quero conhecer seus pais! O coração da Rita batia forte, e as lágrimas caíam... Perdão, me perdoe! – disse ela. – Sou eu quem devo pedir perdão. A menina não queria mais nada com ele por tempo que se apaixonava e o menino não quis lhe corresponder com o seu amor.
-Achas que ainda há esperança para a gente? Perguntou ela, tímida. Três anos depois da universidade, eles ficaram a namorar durante um ano, e casaram. Tinham muito dinheiro e conhecimento em muitos locais de trabalho.
A Rita é uma jornalista de renome que prestava serviço em muitas empresas do mundo, já o Domingos é um gestor de empresa, que tinha vários contatos em toda parte do mundo. Eles agradeceram a Deus por estudarem na mesma universidade. Depois de um ano que terminaram o curso que seguiam na faculdade é que criaram condições de viverem juntos, debaixo do mesmo teto. Ela sentia falta de alguma coisa especial em casa, que é um filho. Rita e Domingos conversaram para terem filhos. Domingos concordou totalmente com aesposa. Tentaram várias vezes durante um ano e não alcançaram o objetivo. Infelizmente Rita não produzia e não tardou o pensamento de adotar uma criança em uma instituição de crianças abandonadas.                                                                   
 O marido fez de tudo para agradar a esposa e aceitou o pensamento. Não tardaram e foram conhecer a instituição. Chegando lá, encontraram várias crianças sem pais biológicos. Rodearam todo local até que encontraram uma criança de nove meses. Aquela criança encantou o coração do casal. Fizeram todos os procedimentos possíveis de registrar criança em nome deles.
No primeiro ano cuidaram muito bem da criança, e Rita estava bastante alegre com a presença da criança em casa. No ano seguinte, o casal recebeu um telefonema para trabalho, por causa de seus atributos na universidade, e logo se mudaram de cidade, para onde foram contratados. A criança não tinha com quem ficar. Logo, resolveram contratar uma baba para cuidar da criança e da casa, enquanto eles estão longe da casa e da cidade. Rita e Domingos viajaram constantemente para trabalhar, e um belo dia a criança adoeceu. A babá ligou aos patrões, que ficaram muito preocupados com a situação. Como não tinham o que fazer, então, orientaram a babá que levasse a criança na clínica Girassol para assim internar ou receber assistência médica.
O tempo passou e a babá recebeu a notícia de que a criança é celulosa, e deu a notícia aos pais, que não gostaram nada da notícia, até o ponto de abandonarem o trabalho naquele exato momento. A criança crescia e não conhecia os pais, até o ponto de chamar a babá de mamãe.
                                  

Três textos Sobre Viver


Condição, de Wilson Guanais

escrever
poemas
a gente
escreve

mas Poesia
mesmo
é mais
em Cima

deve ser
por isso que
(no avesso
de tudo)

a alma
Decanta
e o Poeta
Voa



Um Novo Tempo, de Clodoaldo Lima

Houve um tempo de terror onde os primatas ficaram confinados dentro das suas cavernas. Os guinchos de insatisfação eram frequentes, por não poder sair para selva.
A raiva tomava conta das famílias, os machos por não poder tomar o néctar das frutas com seus amigos, as fêmeas, por não ter as amigas para conversar; a “peste” não deixava.
Uma história sobre lobo mau e chapeuzinho vermelho? Não. Na sociedade dos macacos, onde os líderes de outros bandos lutavam pelo domínio de território, vários mordiam-se e agrediam-se pelo poder. Primatas rivais iam para o confronto a todo momento, ameaças e ataques de “fezes” ao rei. Por quê? Ele tratava a peste com desdém, diferente de outras florestas bem longe dali.
A macacada não podia andar em bando pela floresta, andavam sós. Havia caçadores cruéis à espreita que prendiam macacos em jaulas e os deixavam ainda mais enclausurados. Macacas “feiticeiras” cuidavam dos doentes, mas mesmo assim, macacos morriam aos milhares, anciãos iam primeiro e com eles, a sabedoria dos clãs.                                                    53
Símios sentiam-se cada vez mais perdidos com a grande batalha que enfrentavam, a “peste”, não perdoava, jovens começavam a partir. O rei dos macacos... pouco fazia. O curandeiro da grande floresta teve o cargo usurpado por fazer seu trabalho. Ele não gostou e colocou outro em seu lugar.
A “peste” não perdoava. A comida já beirava a escassez e os negociantes aumentavam os preços deixando os macacos tristes e nervosos. O tempo demorava a passar, e trancado em suas cavernas, os dias eram “incertos”. Os macacos “Merlins” estavam longe de descobrir a poção. A “peste” só aumentava.




Poema de ontem, de Brunno Vianna

As pessoas estão nas janelas
As cidades estão nas gavetas
As cores, na panela
As luzes, todas acesas
Abro as portas
Históricas-histéricas
Para sentir ainda
Sem as métricas
O poema de ontem.


quinta-feira, 28 de maio de 2020

Três textos Sobre Viver


Leitura, de Brunno Vianna

Leio pela janela do ônibus os letreiros da cidade, leio o sinal fechado, leio a pressa das pessoas, leio o medo, leio a saudade. Leio os contrastes sociais, um romance chaaaato, leio o sono da moça de vestido verde, leio a senhora que entra agora com várias bolsas nas mãos. A senhora também me lê. A imagem que ela carrega de mim neste segundo secular talvez seja o tédio. Ela me lê e sorri. Ajudo com as bolsas, leio cada uma delas. São bolsas recicláveis de mercado. Não estão muito pesadas. Ela se senta ao meu lado. Leio o seu sentar. O sentar de quem caminhou ao meio dia e encontra no transporte público o alívio... Aaaaahhhhhh... Ela boceja! Leio o seu bocejo e bocejo. O bocejo é uma maravilha contagiosa. Ela lê o livro estático em minha mão. Já não folheio. Ela pergunta o nome do livro. Leio sua voz sussurrada em forma de espanto. Respondo bem baixinho. Ela reage como quem diz: Livro chaaaato. Leio a Igreja, leio a história dela, que havia lido alguns anos atrás em algum lugar. Foi construída de frente para o mar. Leio o mar, que não mais existe ali. Leio a cidade!


                                                                                           
F(ratura Exposta, de Wilson Guanais


a água
a luz
o gás

telefone
jornal
tv e...

tudo
“sujeito
a corte”

na
própria
carne



Recriação, de Clodoaldo Lima


Marcas sepultadas, foram tempos de terror.
O amor renasce, através das janelas.

Abraços armazenados esperando a hora de serem entregues.

Beijos ansiosos para serem distribuídos.
A boca molhada espera...

A mãe “verde” castigou o filho!
Que vermelho de vergonha, pede perdão.

As abas das janelas recebem!
Os pássaros que ensaiam o primeiro voo.

                                                                                            

Três textos Sobre Viver


Medieval, de Wilson Guanais


Uma mão
Contamina
A outra

A direita
A esquerda
Inimigas

“São farinhas
Do mesmo

Saco” de
Pancadas.




Incertezas, de Brunno Vianna


Dormia, acordava, dormia. Dormia, acordava, comia. Dormia, acordava. Lia de vez em quando, mesmo sem nunca ter gostado de ler.  Escutou músicas improváveis. Viu o mesmo filme dez vezes na TV. Desligou. Seu gosto pessoal sobre todas as coisas já não era mais o suficiente. Respirou um ar de incertezas. A goteira da cozinha era o que espantava a solidão. Até tentou conseguir alguém que acabasse com ela de uma vez, mas ninguém se arriscou a ir. Ninguém aparece por lá desde que foi anunciado na televisão um caso suspeito. Deu um grito aleatório antes de começar uma meditação autodidata.




Entre aspas, de Wilson Guanais

Quem
Sobreviver
Verá

Quem
Sobreviver
Terá

Que
Reinventar

Agora
-O Amanhã




47

quarta-feira, 27 de maio de 2020

Texto de Felipe Favrat Sobre Viver



Lá Luiza et la lune

Lá Luiza é a história:
Não morreu duas vezes não
à porte.
Por quê? Porque o amor
é uma compensação
da morte.

É na univer-cidade
que se vive a idade.
O amor, dor, sem senhor;
Quando vejo o sol pôr...
Luiza na Grama Azul
Sempre a mirar o sul.


Lácrimas sem súplicas,
Rubricas sem rúbricas,
brincadeiras sem brincantes.
Pomba selvagem cem bicas
pãezinhos de donatários
em armários com bicas.

Os ventos, brisas de briques,
calmos, monó, agitados.
Cá, não diz divino bocado,
não citarei Deuses alados.
Né, pois só a humana mana
que prima nossa dada é.

No fundo do Fundão
bem num furo no chão,
lá suportava a existência
sem filoso sem ciência
só história sem estória
nem glória nem memória.

A solidão chega com
duas pessoas e permanece,
pois pode haver companhia
sem Companhia sê.
É ter a multidão
e a multidão sozinho tê

, mas, porém, entretanto
eu queria acompanhar.
Cheguei como o vento,
mas sou mais denso que o ar.
Ofereci um mirtilo
aquilo azulado causar.

“Saluto, alteza! Princesa...”
“Alto lá! Seu marajá,
sou guerreira, não freira!
Meu nome é Luiza, não Frisa.
Prazer, será meu ente, ‘tenente’?!”

Os braços mais finos,
o ventre chapado;
Busto encorpado,
rosto feminino;
O negro cabelo...
Ah! Morena clara (em pelo).

“Eu não, eu não sou milico
nem crentelho sou”
“Guerreira por lutá
[E nisto suou]
Contra algo que me dá”
Tirando o cardigã
Revelando-me o amanhã.

Mas mais o que cultiva ego
interessado em inteligência
e boníssimo coração.
Pouco importa beligência
ou tão somente a beleza
queria saber sua em Cia.                                                   
Falamos de todo mal
Que pode achar um casal:
Famílias doenças guerra!
Preconceito, interesse e posse!
“Lia que desavenças da Terra
Feito essa tosse... Cof!

Disse ela em voz sedutora:
“Nunca amei, amada? Não fui.
Essa boca não beijou
nem a outra.” [riu!]
“Cor? Ah... O coração a vir, em??”
“Oh! O coração é virgem.”

Convidou-me p’ra jantar
eu com estrelas, luar.
E quando a encontrei
me encontrei ora lá.
Jantamos dedo do diabo
com blueberry da má.

As pálpebras meio cerradas
pontiagudo para o sul
num mordisca maçanhento
A fatal fatia fica azul
E contra todo lamento
Pinça ainda vivo o Hajul.

“Chapéus fazem minha cabeça,
e mitras fazem o dízimo.
Chapéu, máximo civil!
Que Marte campo dizimo.
Belo, sumo econômico
que não passa de um mimo.”

“Belo, bom e verdadeiro”
“Em piso e em terreiro
“Uma pluma explosiva,
pena a pena ser viva.”
“Com córnio e corno
e mais um adorno.”

Comia demais o prato,
Mas o prato não comia.
Boceja, fareja, olha,
Rosna, late até mia.
Sedento, a conversa
sobre capotes me ia:

“Vamos para o escuro
lá o silêncio nos espera.”
“Haverá riso e gozo
talvez uma quimera.”
Era já a nova era
“Agora será a vera.”

Sob a luzeiro lunar
sobre as nuvens no ar
com cigarras a cantar
ao labirinto-hotel
sem saber do que será
nós fomos fortes fidalgos.

De algo que não se mede:
Escadas, voltas,, redemoinho...
Quartos de duas, três portas.
Ela de cetim; eu, linho.
Acendeu-se vermelhária
tomar o roxo do vinho.

Só ouvia o respirar
sozinhos no oposto
Peguei-lhe a mão
toquei-lhe o rosto
o ósculo oblitera
com todo corpo encosto.

Desta seda mais azul
abri o botão estimo
a pele era cor pérola
(a escura também estimo).
Sairam dois milagres brancos
piscaram como mimo.

Ajoelhei-me como rei
e nobre fosse princesa.
Beijei-a a outra boca
deixei-lhe toda acesa.
Lambeei o ventre
ficou-a mais tesa.

Saiu prazer líquido
como a modernidade.
Morreu de morte matada
atada ao ariete.
Na flor da idade
bem no meio da cidade.

Elevou-se às ideias
O quer era puro carnal.
Amor que se chama
a erótica chama.
Era um sendo dois
por mais de um canal.

E acordou com o galo,
mas como uma felina.
Eu, só como um gatuno
lá fora só vosso gado.
Vestiu carmesim mui fina
nos despedimos na esquina.

Disse, falou, revelou
que ia estudar na UERJ,
mas nada contou a mim.
Pois bem, de lá pulou:
Aah! Tááh! Érr! Gi!
Porque ainda a solidão a amou.

A indesejada de todas
 as gentes, resultado
de todas as vidas, o
banquete dos bichos, o
final permanente, a
tragédia universal.

Fiquei sem rima, palavras
quando o velório davas.
Tirei-lhe o véu, de novo
agora com o seu povo
beijei-a tão pálida, Lil?!
Numa brancura que era azul.


.. .. .. .
.. .. .. .
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.. .. .. .
.. .. .. . .
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Mais textos Sobre Viver


Quarentena, de Wilson Guanais


Escrever
Pintar
Esculpir

Tudo
Isso
Fortalece

Meu
Sistema

Humano
Lógico



Wilson Guanais
Coitado disso que é semente ainda
Eu não alimento
medo algum
Prefiro deixar

o bichinho ali
sempre ao
alcance dos pés

sou dois tantos
distraído e de
vez em quando
tropeço nele.




Clima de Tensão, de Brunno Vianna


Tira um sapato e o outro. Abre a porta. Fecha a porta. Passa álcool em gel na maçaneta. Passa álcool em gel nas mãos. Espirra. Clima de tensão! Corre para o banheiro, lava a mão, lava a torneira, lava o mundo inteiro e aguarda, mas outro espirro não vem. Sente um alívio. Senta no sofá, pega o controle remoto e liga a televisão. O telejornal fala sobre a pandemia. Muda de canal. O outro telejornal fala sobre a pandemia. Clima de tensão! Liga para os amigos. Uns dão boas notícias, outros dão más notícias. Desliga a televisão. Precisa ir à farmácia. Abre a porta. Fecha a porta. Passa álcool em gel na maçaneta. Coloca um sapato e o outro. Olha para o sol. Espirra. Clima de tensão! Pensa em ir ao médico mais tarde. Pensa em não ir. Precisa ir à farmácia. Sai. Em menos de quinze minutos já está em casa novamente. Tira um sapato e o outro. Abre a porta.



                                                                                  
Politicamente correto, de Wilson Guanais


Ou seja “uma
mão lava
a outra”

- esqueça
a direita
e a esquerda

:estão
contaminadas

se possível
tome 1 banho.


Pedaços, de Brunno Vianna


Os livros estão aglomerados nessas caixas pálidas. Desde dezembro não os vejo. Repito essa frase com veemência. Já não sei se falo mesmo desses livros, dos familiares isolados ou desses meus pedaços. Um espelho acabou quebrando em uma tarde dessas. Olhei-me fragmentado. Joguei fora esses pedaços. Talvez eu sinta uma falta misteriosa de alguma capacidade possível de se multiplicar.