domingo, 1 de junho de 2014

História em Versos

Seguem alguns poemas que escrevi para serem trabalhados em sala de aula:

Pré – História
Eles viveram antes que houvesse a nossa escrita
Mas nem por isso
Suas vidas foram menos bonitas
Já que toda gente
Tem história para contar
Por mais que sejam “estranhos”,” monstros” e “brutos”
Se comunicavam por rabiscos
Em quaisquer muros
Seja pedra polida ou lascada
Toda história precisa e merece ser contada.

Roma (publicado na antologia Professores não só ensinam, eles também escrevem da Big Time Editora)
Da loba nasceu Roma
Eis que os Bárbaros testemunharam
A decadência de um Império
Que no Oriente encontrou uma resistência...
Entre Constantino e a cruz,
Um Mistério
A Cultura Antiga se dissipa
E renasce com os humanistas
E resiste a cada dia
No interior dos tribunais. 

Atlântico (Poema escrito para a peça A Sinhá e O poeta, apresentada em 24/10/2012. Foi publicado na antologia Professores não só ensinam, eles também escrevem da Big Time Editora.) 
Choravam as vozes negras
Dos que deixavam a pátria
Choravam mães e filhos
Órfãos da África
Gente que não era gente
Corpos sem alma
Morriam como indigentes
Jogados ao mar...
Dos que restavam o futuro era incerto
A esperança, pequenina
Ficam aos navegantes, as partidas comuns
Ficam aos órfãos as cicatrizes...   

Independência (publicado na antologia Professores não só ensinam, eles também escrevem da Big Time Editora) 
Tudo começa quando João aqui adentra
Os ingleses anunciam as novas vendas
O monopólio português cessa
A esperança está acesa
O Teatro é Decente, mas o povo é indecente
Na visão de Carlota Joaquina
Aos ventos, a carnificina
Eis que Pedro dá o grito no Rio Ipiranga
Enquanto João estava com a voz entalada na garganta
O Príncipe Regente vira o Imperador Primeiro
É tido como herói e guerreiro
Mas foi morrer em Portugal
Deixando o meninote sozinho
Ao som do Carnaval
Amante das artes e das letras
Dos coqueiros e das bananeiras
E dos sonhos de liberdade
Para cessar as revoltas
Assumiu a maioridade
Da popularidade que tinha o segundo Pedro
Isabel não fazia sombra
Era casada com um estrangeiro
Causando ao povo uma desonra 

A Redentora
País cheio das riquezas
Ainda no regime da escravidão
Até que veio a princesa
E libertou do cativeiro
Os nossos irmãos
Mas sem indenização.
Isabel, a redentora
Era católica até na sombra
Os filhos tardaram
Dando ao marido francês má fama e desonra
Ele, que no Paraguai
Deu um passo para a abolição
Que tiraria o país de dimensão continental
Da contramão
Isabel não era tão popular como o pai
Mas assinou a Lei Áurea 
Dando aos cativos a sonhada alforria
Ato que rompeu, no ano seguinte
Com a monarquia
A república não tardou
Ninguém constatou a mudança
O Imperador exilou-se
Levou pedaços do Brasil
Para Portugal e para França
E assim termina a longa história
Da monarquia de Bragança.
    


Identidade (publicado na antologia professores não só ensinam, eles também escrevem da Big Time Editora). 
Eu sou um
Você também.
Juntos nós somos muito mais que dois.
Eu sou branco e tu és negro
Juntos somos todas as cores.
Do verde e amarelo ao azul e branco
Da África sou riso
Da Europa sou pranto
Sou de lá e daqui
Quem sabe sangue tupi...
Meu pai é de Kardec e minha mãe de Iemanjá
Eu sou de Santo Antônio
Que um casamento vai me arranjar
Acredito que do Pai também sou filho
Sou de Amazonas, mas moro no Rio.
Não há motivos para vertigem
Pois no fundo somos da mesma origem.