segunda-feira, 18 de abril de 2016

Sobre Baal



Sabe quando uma peça de teatro te rasga densa e intensamente, te perturba, tira do ninho e coloca para pensar? BAAL, a primeira peça escrita por Bertholt Bretch tem o ingrediente básico que um bom espetáculo precisa: ousadia. Foi escrita em 1918 e trata-se, de certa forma,  de uma resposta a “O Solitário”, escrita em 1917 por Hanns Johst. Brecht entrou em desacordo com a história de Johst sobre o poeta alemão Grabbe repleta de idealismos. Portanto, Baal é mais realista e menos romântico. Também é notável que Brecht se inspirou em obras do dramaturgo Büchner, do poeta Rimbaud e na vida de Josef K.  A multifaceta da obra permite um expressionismo isento de idealismo e ao mesmo tempo, repleto de críticas à burguesia europeia.

Em hebraico, Baal significa senhor, patrão, marido ou divindade. Miticamente, era um deus semita, adorado por cananeus e fenícios, tendo o controle do sol, da chuva, dos trovões, da agricultura e da fertilidade. O Baal de Bretch é poeta, cantor, sedutor nato e um bêbado errante. Engravida Sophie e seduz a amante do melhor amigo Ekart, a quem assassina. O personagem contrapõe a coragem ao medo. É capaz de amar e odiar com a mesma intensidade.

Ao primeiro olhar, a peça parece desmerecer as mulheres, mas na verdade, representa um tempo histórico, o pós Primeira Guerra Mundial. O certo é que as impressões a respeito desta peça são muitas e o diretor Thierry Tremouroux, responsável pela montagem apresentada no estacionamento do Freeway Center  (Barra da Tijuca – RJ) soube aproveitar muito bem isso. Logo no começo, parte do elenco, que conta com Aline Marques, Beatrice Sayd, Bianca Sacks, Brigida Menegatti, Bruna Macaciel, Carolina Alfradique, Dhan Marcell, Diana Werneck, Dom Maia, Duda Paiva, Éllen Rambo, Fabiana Gois, Felipe Fagundes, Gerson Ferreira, Lívia Frazão, Luisa Bruno, Marco Lourenço, Marilha Galla, Rafa Baronesi, Rodrigo Turazzi, Tadeu Tannouri, Táyra Sodi, Victor Fontoura, Wagner Herrero e Yris Sampaio esclarecem suas opiniões sobre o espetáculo que surpreende com um carro que invade o palco, fogos de artifícios, pessoas e poesias nuas e cruas...E O que é mais provocativo que isso? Baal é sem dúvida uma válvula de escape para o atual mundo polarizado em que vivemos e isso basta!


quinta-feira, 7 de abril de 2016

Teatro em Taquara

Quer um final de semana diferente? O teatro pode proporcionar isso. A dica da vez é o Laboratório de Teatro da CATP, que reúne esquetes de diferentes autores com um objetivo em comum: provocar o público, através do palco nu, aquele sem cenário e poucos objetos cênicos em um ambiente intimista. Toda aposta está no talento do elenco, guiado por diretores seguros. É impossível não sair de lá provocado e emocionado. É impossível sair de lá com as mesmas ideias.

 "Decifrando Sade" de Márcio Zatta, mergulha na vida do inusitado Marquês de Sade, uma das personalidades mais intrigantes da literatura mundial. 



"Pirandello Reduzido" do mesmo diretor é calcada no extremo ciúme do marido por sua esposa, sendo livremente inspirada na obra do dramaturgo italiano Luigi Pirandello. 



Flávio Alves, também marca presença na direção com "Inquisidor", baseada no poema contado por Ivan Karamazov ao seu irmão Alieksei, dentro do livro Os Irmãos Karamazov. 



Além disso, assina o texto "Anos de Chumbo", dirigida por Roberto Meniguelo. Nada mais propício, não é verdade?



Já a cena Filho Meu, inevitavelmente nos remete ao espetáculo Filho Eterno, justamente por ser um monólogo e pela temática da síndrome de down. É bom considerar que ser comparado com os Atores de Laura não é pouca coisa. Aliás, a cena escrita por Rodrigo Santos, que também interpreta, e dirigida por Marquinhos Sylvestre tem seus méritos, que não são poucos.



Quer tiras suas próprias conclusões? Apareça no Teatro da CATP (Estrada do Tindiba, 2495, Taquara - Jacarepaguá). O espaço fica bem perto do BRT de Taquara.











quarta-feira, 6 de abril de 2016

História em Versos

Não posso dizer que não gostava de poesia, até porque eu não lia poesia. Comecei a escrever poesia na faculdade de História, em especial nas aulas de Práticas Pedagógicas, onde cada aluno precisava, através das artes, falar de inclusão social. Assim nasceu o poema Identidade. Depois de começar a escrever é que comecei a ler poesia com certa frequência.

Em 2012, em parceria com o historiador Charles Lucas Caetano, iniciei as pesquisas para o trabalho de conclusão de curso da pós – graduação em História e Cultura da América Latina. O tema escolhido foi: “Guerra do Paraguai: Visões Históricas, Artísticas e Literárias”. A minha grande surpresa foi encontrar um poema de Machado de Assis narrando partes da guerra. 

A poesia estava mais ligada à História do que eu poderia supor. Resolvi usar a poesia para ensinar os meus alunos e deu muito certo. Muitos deles pegaram gosto pelos livros, pelas poesias, aliás, muito deles passaram e escrever poesias. Alguns já escreviam, só precisavam de uma empurrãozinho.


Cada conquista de algum aluno meu é uma conquista minha. Cada livro que publico, dedico a eles. Hoje, tendo participado de livros como “Professores não só ensinam, eles também escrevem” da Big Time Editora, “A Matriz da Palavra – O Negro em Prosa e Verso” e “Rio de Palavras – 450 anos de História” da Litteris Editora, posso afirmar que a História não se limita, nós é que a limitamos.