Sabe quando uma peça de teatro te rasga densa e intensamente, te perturba, tira do ninho e coloca para pensar? BAAL,
a primeira peça escrita por Bertholt Bretch tem o ingrediente básico que um bom
espetáculo precisa: ousadia. Foi escrita em 1918 e trata-se, de certa
forma, de uma resposta a “O Solitário”, escrita
em 1917 por Hanns Johst. Brecht entrou em desacordo com a história de Johst sobre
o poeta alemão Grabbe repleta de idealismos. Portanto, Baal é mais realista e
menos romântico. Também é notável que Brecht se inspirou em obras do dramaturgo
Büchner, do poeta Rimbaud e na vida de Josef K. A multifaceta da obra permite um expressionismo
isento de idealismo e ao mesmo tempo, repleto de críticas à burguesia europeia.
Em
hebraico, Baal significa senhor, patrão, marido ou divindade. Miticamente, era
um deus semita, adorado por cananeus e fenícios, tendo o controle do sol, da
chuva, dos trovões, da agricultura e da fertilidade. O Baal de
Bretch é poeta, cantor, sedutor nato e um bêbado errante. Engravida Sophie e
seduz a amante do melhor amigo Ekart, a quem assassina. O personagem contrapõe
a coragem ao medo. É capaz de amar e odiar com a mesma intensidade.
Ao
primeiro olhar, a peça parece desmerecer as mulheres, mas na verdade,
representa um tempo histórico, o pós Primeira Guerra Mundial. O certo é que as impressões a respeito
desta peça são muitas e o diretor Thierry
Tremouroux, responsável pela montagem apresentada no estacionamento do
Freeway Center (Barra da Tijuca –
RJ) soube aproveitar muito bem isso. Logo no começo, parte do elenco, que conta
com Aline Marques, Beatrice Sayd, Bianca Sacks, Brigida Menegatti, Bruna
Macaciel, Carolina Alfradique, Dhan Marcell, Diana Werneck, Dom Maia, Duda
Paiva, Éllen Rambo, Fabiana Gois, Felipe Fagundes, Gerson Ferreira, Lívia
Frazão, Luisa Bruno, Marco Lourenço, Marilha Galla, Rafa Baronesi, Rodrigo
Turazzi, Tadeu Tannouri, Táyra Sodi, Victor Fontoura, Wagner Herrero e Yris
Sampaio esclarecem suas opiniões sobre o espetáculo que surpreende com um carro
que invade o palco, fogos de artifícios, pessoas e poesias nuas e cruas...E O que é mais provocativo que isso? Baal é sem dúvida uma válvula de
escape para o atual mundo polarizado em que vivemos e isso basta!