quinta-feira, 24 de abril de 2014

Apocalipse

Um homem te guia pelos cômodos de uma casa sombria onde as coisas mais inusitadas acontecem. Este homem é João Batista,  vivido brilhantemente pelo ator Charlles Lima. Eu bem que tentei, mas é impossível definir o itinerante espetáculo Apocalipse realizado pela Cia da Estrutura em poucas palavras. Para quem não sabe, a Cia da Estrutura também foi responsável pelas montagens "Mulheres de Nelson", "Vem!"  e "Hoje tem Espetáculo". Ousadia é um ponto marcante nos trabalhos deles. Não tem como sair do recém inaugurado Escombro Centro Cultural e permanecer indiferente. Ao ver o João ser constantemente humilhado questionamos porque assistimos muitas coisas de braços cruzados. Por que o Brasil ficou desse jeito? Por que o ser humano é desse jeito? Apocalipse é o tipo de peça que você ama ou odeia, não tem espaço para o mais ou menos. É chocante do início ao fim. Para os moradores da Zona Norte do Rio de Janeiro até então carentes de um espaço cultural e que gostam de surpresas, a peça escrita por Izaac Erder e Márcio Zatta e dirigida por Márcio Zatta é um prato cheio por justamente sair do lugar comum; em vez de uma estória propriamente dita, eles se aproveitam das situações, sendo a reação do público,  uma peça fundamental neste jogo.  É muito bom ver artistas como Charlles Lima, Fellipe Gonçalves, Helen Maltasch, Otto Caetano, Carol Mattos, Henrique Ramalho e Stefanie Durval, no geral, com boas expressões faciais e também corporais se despindo de qualquer pudor, orgulho e vaidade em prol dessas riquíssimas  e exigentes personagens. Eu conferi e recomendo. Aproveitem que a temporada está acabando.