Mulheres marcantes interpretadas por cinco homens, uma obcecada pela perfeição, outra que coleciona esqueletos dos maridos e uma que perdeu o marido numa noite de amor, a figura da morte, ousadia ao desnudar a alma humana... Pode parecer, mas não estou falando de nenhuma peça de Nelson Rodrigues e sim do espetáculo tragicômico As Viúvas que foi montado pela Cia Tetropelo sob a direção segura de Abílio Ramos. A apresentação única ocorreu no dia 17 de agosto na Arena Carioca Jovelina Pérola Negra. Quem não assistiu poderá assistir nos dias 27 e 28 às 20:00 e 29 de setembro às 19:00 no Teatro Armando Gonzaga em Marechal Hermes.
Cabe destacar aqui a audácia do elenco composto por Tiago Machado, Hélio Ferreira, Josué Nunes, Patrick Orrani e Zeca Damasceno, o trabalho corporal e a maneira como o espetáculo foi se desenvolvendo e as tramas se entrelaçando. Vale a pena conferir.
domingo, 18 de agosto de 2013
sábado, 3 de agosto de 2013
A Falecida de Nelson Rodrigues
Que Nelson Rodrigues é o maior autor de tragédias do Brasil ninguém duvida, mas o que nem todos sabem é que o humor também é muito presente em sua obra, porém poucas vezes é lembrado. Por isso, motivos não faltam para assistir a nova montagem de A Falecida, considerada a primeira tragédia carioca, sob a direção de Moacyr Góes e em cartaz no Teatro Maison de France de quinta a domingo às 20,00, com exceção de sábado que é às 21:00. O teatro foi recentemente reformado, ambiente muito agradável que vale a pena conhecer.
Eu que sempre tive curiosidade para ler esta obra, não perdi a oportunidade de apreciar o espetáculo protagonizado por Bianca Rinaldi, que atua ao lado de León Góes, Simone Centurione, Sérgio Kauffmaann, Ricardo Damasceno, Daniel Carneiro e Augusto Garcia.
Me chamou a atenção a fidelidade aos anos cinquenta, seja através do cenário, do figurino ou dos objetos cênicos, o elenco seguro, a originalidade nas marcações, palco limpo, as portas garantindo uma boa estética, trilha sonora e iluminação de muito bom gosto, a loucura e complexidade de Zulmira, considerada por mim a Capitu rodriguiana, levando a história a um desfecho inimaginável.
quinta-feira, 1 de agosto de 2013
Entrevista com Juka Garibaldi
Num momento em que muita gente faz teatro pelo glamour
que ele pode proporcionar, deixando de aprender o verdadeiro sentido da arte, o
entrevistado de hoje é Juka Garibaldi, um ator do bem, mas, que não tem papas na língua e não pensa duas
vezes quando se precisa defender sua profissão. Juka, o que é ser ator?
Ser ator é ser um formador de opinião,é viver
muitas vidas e continuar com a sua vida...é ter um papel de extrema importância
como ser humano,como cidadão...é acima de tudo ser um observador de gente.
É difícil fazer teatro no Brasil?
Muito, tem épocas que tenho muito
trabalho,outras épocas nem tanto...Mas sempre tem algo seja peça,comercial e
até mesmo leituras. Mas é difícil, porque temos que estar sempre atentos,enviando
material,pois nada cai do céu.
E televisão? Conte-nos a experiência de gravar um
comercial com Rodrigo Faro e de gravar a novela Tititi...
Então,na verdade foi um comercial ótimo de se
fazer,gravei em uma tarde até o início da noite. Fazer publicidade é mais
rentável,eu adoraria fazer sempre!É algo que amo fazer,gratificante e que te
valoriza como profissional, muitas vezes são esses comerciais que salvam a tua
conta...Em relação a Tititi foi em 2010,eu lembro que o que mais curti foi
ficar atento,pois quem dirigia era o Jorge Fernando,ele é mestre!Conheci muita
gente legal lá...Como a Gulhermina Guinle que é ótima, a Ana Paula Guimarães(Ex
paquita Catu),que na época era assistente de direção...lembro de um fato bem
divertido: Estávamos eu e a Catu,atrás do cenário,olhamos para o chão e vimos uma
enorme marmita cheia de comida,parecia até um despacho... hehehhe ... A gente
olhou aquilo e riu muito...era uma diversão gravar lá!
Quem te conhece sabe da sua paixão em colecionar objetos
antigos, fale um pouco sobre isso...
Na verdade eu sou uma pessoa
"brecholenta",amo coisas antigas,seja roupas, obejtos... e atualmente
coleciono brinquedos antigos,uma paixão"antiga",pois sou louco por
brinquedos e resolvi garimpar alguns que fizeram parte da minha infância e
assim surgiu essa coleção.
Quantos anos de carreira?
Teatro amador comecei em 1995,contando amador e
profissional tem ai uns 18,sendo que fiquei parado 4 anos...porque fui morar no
sul,e quando voltei ao Rio já voltei fazendo novamente.
Pode fazer um resumo sobre sua biografia?
Eu nasci no Rio Grande do Sul, sou
capricorniano,comecei a fazer teatro em 1995,mas a primeira vez que subi no
palco eu tinha uns 09 anos...Antes de me formar em teatro,cursava a faculdade
de Jornalismo,mas não cheguei a concluir. Sou filho de advogado e
empresária, tenho 2 irmãos,sou casado tem 07 anos...e sou carioca de alma!ta bom
assim?
De tudo que li sobre você, sobre os personagens que
interpretou, quem chamou atenção foi a Rainha de Copas de “Alice no Buraco”.
Quais as semelhanças com a Rainha de Alice no País das Maravilhas e as
diferenças, levando em consideração que o espetáculo é voltado ao público
adulto?
Esse personagem foi um presente da querida
Regiana Antonini, ela foi viajar e levou a peça para ler e decidir os
papéis, quando voltou fez uma leitura e cada um leu o papel que ela havia pedido
pra ler...eu li a Rainha e no final ela disse: Juka a Rainha é sua...foi um
baita desafio,tive que aprender a andar de salto,colocar cílios...foi um barato
fazer!A diferença é que ela era dona de um bordel,uma cafetina...as semelhanças
estavam na personalidade,pois ela era muito má, pavio curto e muito mandona.
Em “João e Maria -
A Noite das Bruxas”, você interpretou duas personagens: o pai e o lobo. Como
foi essa experiência?
Eu tenho algo que me puxa,sempre para fazer
vilões... já fiz alguns ai,quando fui chamado para fazer João e Maria, lembro que
fiz a audição e pediram pra gente esperar fora do teatro...Tive que cantar no
teste,dançar...ai quando chamaram de volta, pensei acho que não vou ficar,sei
lá...mas ai me deram 2 personagens...O pai não tinha muito pra onde ir,era um
pai,que ia em busca dos filhos, lembro que o legal era o processo de
envelhecimento,ficava bem envelhido com a make...Já o Lobo que era um vilão,mas
com muito humor,eu viajava!Era ótimo fazer,ele era apaixonante,embora fosse um
vilão, se tornava querido,por ser engraçado ao mesmo tempo.A temporada
terminou,e a saudade ficou.
Em “Nóia”, o seu personagem tem medo de morrer dormindo?
Como é o laboratório desses personagens mais complexos que desnudam a alma
humana?
Em Noia,foi mais doido ainda...recebi um
convite pelo Facebook,hehehe...Viva a internet! Mas então,eu sempre gostei
desses personagens "problemáticos"...Eu vi muitos filmes de gente que
não dormia e muito eu descobri na minha insônia,pois eu sofro disso...Mas o
Fábio (personagem) era muito maluco,ele tinha uma fobia de morrer
dormindo, senão ele não ia saber que morreu...eram 4 personagens loucos em
cena.O texto é ótimo,foi legal fazer.
O que você diria para quem quer começar a fazer teatro
hoje?
Diria para se fazer uma única pergunta: Você ama teatro?
Se a resposta for sim!Vá em
frente...estude,tenha foco,e não desista...se for não sei ou apenas gosto,eu
digo:Busque outra coisa,pois teatro não é fácil,é instável,temos que fazer o
impossível muitas vezes...Teatro é para quem quase morre quando está sem
trabalhar,é pra quem sente o cheiro da coxia,em uma tarde como essa...acabei de
sentir aqui,fazer teatro é para quem tem responsabilidade!Pois para quem quer
só aparecer não dura muito no nosso
mundo do teatro,o teatro expulsa quem não é de teatro.
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