Como
eu gostaria que você tivesse me conhecido é o novo livro
de Gilberto Santos e antes mesmo de ser lançado já está dando o que falar,
tendo com um dos temas centrais o suicídio. Gilberto, o que te motivou a
escrever sobre este assunto?
Não costumo escolher o tema para os meus livros, geralmente são eles
que me escolhem. Um belo dia estava em casa, e essa ideia de que quando
partimos desta vida e tudo aquilo que tentamos representar ficará eterna ou
cairá no esquecimento? Foi dai que a ideia original do romance surgiu, se seria
possível se apaixonar por alguém que já se foi….O suicídio então foi inserido
na história a partir da ideia original sobre alguém que desesperadamente não
consegue esperar o tempo natural dos acontecimentos. O tempo para encontrar o
seu grande amor.
Não é só a literatura
do Gilberto que carrega uma função social, mas o prórpio processe de divulgação
e publicação seguem por este caminho, já que partir desta temática delicada
você está contribuindo diretamente com a ONG CVV (Centro de Valorização à vida)
Como a campanha funciona?
Resolvi que o melhor a ser feito na vida é sempre poder ajudar, e
todos nós temos o dever cívico de contribuir através do engajamento seja ele
qual for. Descobri a ONG depois de perceber que outras vozes merecem ser
ouvidas, e como o tema do livro é crucial para alguém que sofre de depressão ou
até mesmo aqueles que sucumbem a morte. A campanha funciona através da doação
no site kickante, onde todos podem doar o quanto desejar.
Como tomou conhecimento
da ONG?
Através da internet, e depois conversando com pessoas que já haviam
dependido da sua ajuda.
Para escrever “Como eu
gostaria que você tivesse me conhecido” você fez algum tipo de pesquisa com
pessoas que tentaram suicídio ou que possuem, pelo menos, algum tipo de
depressão?
Não, eu realmente mantive alguns aspectos da trama na ficção, tendo é
claro contribuído através de histórias ou pessoas que tive o contato no passado
que sofreram ou sofrem deste mal.
O escritor Ivan Alixandria
que escreveu o prefácio do livro foi uma das pessoas que mais se empolgaram com
o projeto. Pode explicar de que forma o livro mexeu com o Ivan e como você o
convidou para escrever o prefácio?
Realmente ele foi uma das pessoas que conheci através do projeto do
livro; fiquei lisonjado como ele abraçou a causa e a história, e essa foi
também a razão que me fez convidá-lo para assinar o prefácio do livro que teria
mudado todos nós envolvidos no projeto.
Como está sendo a repercussão
do livro?
A repercussão do livro ainda estar por vir, mas a campanha é o foco do
momento, este livro virou uma causa social.
Como é o seu processo
de escrita?
Intuitivo 100%, não faço nada que não seja movido pela minha
inspiração ou até mesmo intuição. Mas desde o momento que essa história surgiu
sabia que tinha um grande sucesso nas mãos.
Antes de escrever “Como
eu gostaria que você tivesse me conhecido”, você publicou outros livros de
forma independente. No caso, foram livros de poesia. Como foi essa transição de estilos e o que
você mais gosta de escrever?
Sim é verdade Brunno, antes quando eu comecei a minha inspiração era
somente para textos curtos, poesias no geral. Esse romance foi uma surpresa, me
deixou muito feliz essa transição de estilos. Gosto de escrever, textos dos
mais variados. Nesse momento estou ainda colhendo o que esse Romance/Paranormal
poderá vir à trazer a minha curta carreira de escritor. Mas consigo prever uma
grande mudança dentro de mim.
Você acha que a poesia
no Brasil é desvalorizada? Por quê?
Infelizmente existe uma dificuldade para compreender esse gênero de
escrita que acho belíssimo e dificílimo, e de pouca compreensão na grande
maioria. O poeta é um ser que destoa das grandes massas, por isso elegi para o
meu livro um personagem/ poeta e mártir no romance. Uma homenagem para todos
que se sentem incompreendidos.
Como é ser escritor
independente no Brasil?
Muito difícil, mas a grande maioria de artistas no Brasil passam por
grandes provações até conseguir fazer a sua voz ser ouvida na multidão. Resta
saber o quanto você ama escrever, isso irá ser determinante no quão longe você
chegará.
Algum recado ou dica
para os escritores independentes?
Persistir é a palavra do escritor independente. Se você ama o que faz,
o prazer é somente uma questão de tempo para unir reconhecimento e talento.
Gilberto, muito
obrigado pela entrevista e por tocar nesses em assuntos que permeiam a
sociedade contemporânea.