quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Lançamentos de livros

O blog Encontro de Cultura volta das férias falando da nova safra de poetas. Faz muito tempo que não vejo um mês tão movimentado quanto novembro. Isso só mostra que apesar da crise, a cultura resiste. A FLUPP da Cidade de Deus mostrou a cara desta resistência, autores que nascem na margem e que muitas vezes só encontra caminho na literatura independente, poetas e poetisas que buscam um lugar ao sol. Para quem quer conhecer alguns dos novos autores, no dia 18 / 11, Débora Zambi estará lançando o seu livro "João de Monte Belo"no IV Festival Literário Internacional de Diáspora Africana de São João de Meriti às 18:00 na Tenda Carolina de Jesus. É bom chegar antes das 18:00 para prestigiar os demais eventos do Festival. Enquanto isso, hoje vai rolar o lançamento do livro "O Mistério das Quatro Estações" de João Pedro Roriz, que comemora dez ano de carreira no Centro de Artes Calouste Gulbenkian. É arte que não acaba mais!

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Ser ou não ser?

Não sei se Hamlet é o primeiro homem moderno. Não digo que não o é, apenas constato a minha dúvida, sabendo desde já que a negatividade da resposta não desmerece a obra shakespereana, que inspirou sem sombra de dúvida, nomes como Fiódor Dostoiévski, Johann Wolfgang, Sigmund Freud, Friedrich Nietzsche e Lacan. Afirmar ou negar qualquer coisa a respeito desta obra de Shakespeare é quase o mesmo que caminhar na corda bamba com perna de pau.
Em síntese, Hamlet é um dos personagens mais complexos, admirados e apaixonantes da literatura mundial, suscitando distintas interpretações que permeiam, inclusive, o Tempo Presente.
Shakespeare esboçou em linhas dramatúrgicas o que acontecia em seu tempo. Retratou a época, mas com suma perfeição. Independente de qualquer coisa, inaugurou a capacidade de autoreflexão ao colocar o homem diante da morte e diante de si mesmo. Portanto, Hamlet é um homem livre, mas ainda refém de uma força superior, no caso, o espectro do pai que pede a vingança. Na quinta cena, Hamlet chega a apelar ao céu e ao inferno, o que demonstra que apesar do autor ser renascentista, a obra se passa em plena Era Medieval.
A origem inglesa do autor certamente pesa na obra. Ao contrário de outros países da Europa, o protestantismo adentrou  a Inglaterra de forma gradual, o que justifica a catolicidade dos personagens shakespereanos. E o protestantismo é justamente uma das vias do Renascimento.
         Os soldados avistam o epectro do rei falecido, logo, avisam ao príncipe Hamlet. O espectro diz que foi assassinado e que está a condenado a vagar pela noite e jejuar nas chamas durante o dia até pagar os seus pecados, mais uma representação do dogma católico – o purgatório. O espírito ainda lamenta que morreu sem a extrema-unção e sem a confissão. 

Nesta conjuntura, Shakespeare levanta questões comuns ao ser humano, questões que permeiam a vida e a morte, reflete uma nova maneira de pensar em Deus, uma maneira que gradualmente se concretiza no ideário moderno.
É bem provável que Shakespeare tenha se inspirado na hoje esquecida Tragédia Espanhola de Thomas Kid e na história do príncipe dinamarquês Amlet, contada por Saxo Grammaticus no livro Historiae Danicae, e que deve ter chegado ao conhecimento do nosso autor por meio da versão de François de Beelforest, em Histories tragiques (1570).

Agora, com minhas breves observações introduzidas, posso garantir que o meu questionamento é puramente de cunho filosófico. Ele surge diante da subjetividade do próprio personagem, que não tem a consciência de assumir os atos por si mesmo e vive na eterna dúvida de ser ou não ser, abrindo margem para ser uma intercessão entre o pensamento medievo e o pensamento moderno, amparado, ainda assim, pelos caracteres da tragédia grega, sobretudo, em uma linguagem edpiana.
Em nome do pai, Hamlet, o príncipe da Dinamarca resolve se vingar do tio, agora, seu padrasto, e portanto, ocupante do trono da Dinamarca. Orestes, personagem da tragédia grega Electra, escrita por Eurípedes passou por um dilema semelhante. Precisava, a mando do deus Apolo, vingar o assassinato do pai, matando a assassina, que no caso, era sua mãe. Visto que já não cabia inserir o panteão grego na Era Medieval, tampouco, na Moderna, fora utilizado o espectro do próprio rei, que em vez de ordenar, pede a vingança. Percebe-se aí o livre arbítrio.
Há muita coisa em comum entre as duas obra clássicas. Hamlet conta com a amizade de Horácio, enquanto, Orestes conta com a amizade de Pílades.  Tanto Shakespeare quanto Eurípedes bebem da fonte de Aristóteles. Além disso, ambos os heróis estão de regresso do estrangeiro. Essas coincidências não são em vão, visto, que os autores renascentistas buscam resgatar os valores da antiguidade clássica. Há quem diga que o helênico não carrega a agonia de Hamlet, mas pode-se dizer que Electra carrega.
Bibliografia
ARISTÓTELES. Arte Poética. São Paulo: Martin Claret, 2007.
 ______. Ética a Nicômaco. São Paulo: Martin Claret, 2007.
BRANDÃO, Juanito de Souza. Teatro grego: tragédia e comédia. 10. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2007.
ÉSQUILO. Trilogia de Orestes. Rio de Janeiro: Ediouro, 1988.
LORANT, André. Hamlet. In: GRIMAL, Pierre. Dicionário de mitologia grega e romana. 5. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005. p. 436-439.
SHAKESPEARE, Willian. Hamlet. Porto Alegre: L&PM, 2008

domingo, 17 de julho de 2016

O Doente Imaginário

Assisti mais uma vez o espetáculo "O Doente Imaginário" da Cia Depois do Ensaio. Livremente inspirado na obra original de Moliére, sob direção de Thales Sauvo, que ganhou o prêmio de melhor direção no Festival do Teatro Henriqueta Brieba, se destaca por inserir elementos da contemporaneidade, mantendo toques da chamada Commedia Dell'Art.  Neste festival, O Doente Imaginário também levou a melhor nos quesitos atriz coadjuvante, cenário e figurino. Aliás, o cenário, o figurino e a musicalidade dão um tom poético ao espetáculo, realizado constantemente em lonas culturais, arenas e praças. 

Recentemente, o Grupo Depois do Ensaio competiu no 3o FESTTAQ em Taquaritinga (SP) na categoria rua / alternativo, conquistando seis prêmios: Melhor Maquiagem, Melhor Figurino, Melhor ator (Zé Lu Gonçalves), Melhor atriz (Patrícia Furtado), Melhor direção (Thales Sauvo) e Melhor espetáculo. 


Ficam aqui meus incansáveis aplausos a todos envolvidos, não somente pelo bom espetáculo  que proporcionam ao público e pelos merecidos prêmios, mas, pela garra, pela vontade de levar a arte adiante, pelo trabalho de equipe tão visível aos olhos que acompanham esta trajetória brilhante. 


Elenco reunido após apresentação no SESC Ramos

Ficha Técnica

 

Texto Original: Molière
Concepção e Direção: Thales Sauvo
Preparação Corporal: Caio Passos
Concepção Musical: Fabricio Neri
Figurino: Patricia Furtado e Ateliê Maria Fran
Cenário: Thales Sauvo
Iluminação: Ronaldo Damazio
Preparação Vocal: Tamara Innocente
Visagismo: Apoliane Phifer
Intérpretes: Darci Tomelin, Fabrício Neri, Fernando Leão, Izabe Camargo, Patrícia Furtado e Zé Lu Gonçalves

Fotografia: Pablo Rocha Gonçalves e Mônica Parreira
Realização: Grupo Depois do Ensaio

História e Literatura: uma união possível



É possível ensinar História através da Literatura? Respondo que sim. Em 2012, durante as pesquisas para o Trabalho de Conclusão de Curso da pós graduação em História e Cultura da América Latina, deparei com um poema de Machado de Assis sobre a Guerra do Paraguai. Quando comecei a lecionar (2013), resolvi apostar em aulas de História, Filosofia e Sociologia que mesclassem poesia e música, respeitando o conteúdo programático. Não foi fácil. Nunca é fácil romper com qualquer padrão, mas os alunos, no geral, se interessaram mais pelas disciplinas, as notas aumentaram.




A poesia foi um incentivo a mais para eles e para mim. Hoje tenho alunos que escrevem poemas e músicas, alunos que fazem teatro,que desenham, alunos que querem ser professores de História, Matemática, Educação Física... Por conta das aulas diferenciadas fui citado em uma edição da revista argentina Alas de Papel, tenho sido convidado para mesas redondas, palestras e eventos culturais, tenho participado de antologias literárias que abordem temas históricos / historiográficos. A minha maior realização é o reconhecimento dos meus alunos, é ouvir um deles falar: Professor, resolvi voltar a estudar, é ouvir um deles falar: Professor, obrigado! Em síntese, a união da História com a Literatura não só é possível, como é fundamental.



sábado, 9 de julho de 2016

Vivendo a poesia de Jean Carlo Barusso

Confesso que sou refém do chamado empreendedorismo literário. Como poeta, a internet amplia o meu ofício. Como leitor, a internet amplia o meu vício. A minha mais nova aquisição foi o livro Viva a / à Poesia de Jean Carlo Barusso que muito me chamou em duas coisas: a forma como vende os seus livros, cativando o leitor e a simplicidade estampada nos versos, geralmente breves e objetivos. Jean fala de gente, aliás, fala da gente e dos sentimentos que nos rodeiam. Fala principalmente sobre a imperfeição humana. Por isso não é difícil se apegar ao livro. Me (a)pego lendo várias vezes os mesmos versos na tentativa de saber mais de mim através da obra do outro. Sim, Viva a / à Poesia é um espelho, é onde acabo me (re)vendo. Sim, eu vivo a poesia e vivo para a poesia. Obrigado, Jean.

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Encontro de Cultura com BRUNNO VIANNA




Quando foi a sua primeira inserção no Teatro (Como ator ou diretor)? (por Márcio Zatta, diretor de teatro)

Sempre gostei de assistir teatro, mas a minha inserção nele foi por acaso. Queria fazer um curso de informática na Estácio de Sá, mas o único curso de férias que tinha vaga era o de teatro, então, resolvi fazer e gostei. Lá me recomendaram o curso livre de Interpretação no Teatro Falabella. Inicialmente fiz para ter acesso aos grandes dramaturgo, mas acabei ficando... Isso foi em 2008.

Você sempre escreveu? Desde que idade? (por Adriano Errer, ator)

Não. Sempre gostei de ler, mas os clássicos nacionais de Machado de Assis e José de Alencar. Não tinha tanto interesse por poesia. Quando comecei a escrever tinha uns 20 anos. Peguei gosto mesmo na faculdade, por conta de alguns trabalhos realizados na disciplina Práticas Pedagógicas. Lá eu tive que escrever poesias, acabei gostando. Consequentemente passei a gostar de ler poesia também.

Entre tantas realizações e prêmios, qual teve maior relevância, um significado especial, e por quê? (Por Victor Fontoura, ator)

São tantos... Primeiramente, o Prêmio Machado de Assis por ter sido o primeiro. Me abre portas até hoje. Tem o Concurso Crônicas Cariocas, onde tive a melhor classificação com alguma crônica. As antologias “O Negro em Prosa e Verso” e “Rio de Palavras – 450 anos de História” da Litteris Editora, “Memórias e Fragmentos da II Guerra Mundial” da Editora Illuminare e “Professores não só ensinam, eles também escrevem” da Big Time Editora, por terem um cunho histórico e pedagógico; as antologia “Confluência de Palavras”, meu primeiro prêmio internacional e “Palavras en El Agua”, por ser um concurso promovido pela UNESCO.  Tem também “Poesia Todo Dia”, um projeto bem bacana que me permitiu ajudar a APAE.

Como você se vê, ator e poeta? (por Débora Zambi, escritora e atriz)

Pergunta difícil, rs... Já me vi de tanta forma...  Mudo sempre de opinião. Faço teatro para tentar entender o mundo. Escrevo para tentar explicar o meu mundo.

Estudou História para ser aprofundar mais no teatro ou para ser professor? (por Gustavo Douglas, ator)

Para ser professor, mas o teatro é um bom complemento.

Brunno, sou sua amiga de Colégio (Ensino Médio). Gostaria de saber quando e qual motivo fez você escrever poesias tão lindas? (por Larisa Torres)

Hoje em dia escrevo mais para questionar o que acho errado. Mas a natureza também me inspira muito. Tenho alguns autores como referências: Clarice Lispector, Cecília Meireles, Mário Quintana...

O que eu quero saber é de onde vem sua inspiração e porque de você, sendo escritor, também não atua? (por Sandra Oliveira, empresária e atriz)

Tem tanta coisa, tanta gente que me inspira que é difícil resumir isso. Gosto de escrever sobre o que não vi, os fatos históricos... Gostaria de me dedicar mais ao teatro. Por outro lado, os livros estão repercutindo bem, dando bom retorno, então, isso acaba ficando em primeiro plano. Tento na medida do possível fazer alguma oficina livre para me atualizar e em breve estarei participando de um espetáculo. 

Qual das tuas atividades te dá mais prazer atualmente? Atuar, dirigir, escrever, declamar, palestrar, dar aula? Ou outra? (por Karla Antunes, escritora)

Escrever porque tenho mais facilidade pra isso. A escrita me dá mais liberdade, mas gosto muito dos desafios que o teatro e uma sala de aula proporcionam e sinto falta disso. As declamações são muito recentes pra mim, ainda estou me adaptando, rs.

O que é a vida? (por Rafael José Nogueira, historiador e poeta) 

Ainda estou descobrindo. Arriscaria dizer que é um plural de coisas que não precisa fazer sentido, mas precisa ser sentida. 



terça-feira, 14 de junho de 2016

O Grande Momento de Letícia Spiller


Letícia Spiller não cansa de se reinventar. A atriz, em cartaz ao lado de Rosamaria Murtinho no espetáculo "Doroteia" de Nelson Rodrigues se prepara para "Sol Nascente", novela que substituirá "Êta Mundo Bom" às 18:00. Na trama de Walther Negrão, Júlio Fischer e Suzana Pires, a bela interpretará a cantora Helena. Além disso, Jorge Farjalla, diretor da Cia Guerreiro, responsável pela montagem de "Dorotéia" tem um novo projeto para a atriz, desta vez, inspirado no universo de Shakespeare. Enquanto Hamlet não vem, recomendo que assistam "Dorotéia" no Teatro Municipal de Uberlândia entre os dias 24 e 26 de junho. 

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Partículas de Um Qorpo Santo

É comum nos editais das escolas de artes cênicas constarem nomes como Ionesco e Beckett, alguns dos principais nomes do Teatro do Absurdo no mundo. Todavia, pouco se fala dos autores brasileiros que seguem esta linha. O primeiro do Teatro do Absurdo no Brasil foi Qorpo Santo, pseudônimo de José Joaquim de Campos Leão (1829 – 1883).  Apesar de tanto tempo, este é um dramaturgo que ainda está sendo descoberto. Os números de montagens de espetáculos de sua autoria foram aquém do esperado, se considerarmos que Qorpo Santo era um dramaturgo à frente de seu tempo.

O diretor Márcio Zatta, conhecedor do Teatro do Absurdo não poupou tempo e nem os atores (Roberto Meniguelo, Dayane Céa, Matheus Pinho, Felipe Gonçalves e Ítalo Leal) para trazer à cena no CATP (Taquara - Rio de Janeiro) um espetáculo inspirado na polêmica, insana e incompreendida obra de Qorpo Santo. O próprio nome da peça (Partículas de um Qorpo Santo) reforça a complexidade do dramaturgo e as mais variadas visões que se pode ter a respeito dele, afinal “Partículas de um Qorpo Santo” não é “Partículas do Qorpo Santo”. Da mesma forma, escancara que se trata de um fragmento com devidas intervenções, lembrando que Qorpo Santo era a favor de intervenções em sua dramaturgia.

Como era de se esperar a peça é repleta de movimentos. O ritmo é frenético, intenso. Apesar disso, nenhum dos atores demonstra cansaço em cena. Foge da linearidade e do maniqueísmo e adota um tom farsesco. Os cuidados com as marcações e com as ações / reações dos atores foram notáveis. Prevalece, com certo louvor, a ausência de comunicabilidade. Os egos e interesses humanos  são apresentados  nas figuras de Matheus e Matheusa que aos cinquenta anos de casamento trocam acusações, e também nas figuras das filhas Silvestra, Pedra e Catarina, interpretadas por homens.


Ao meu ver o absurdo não isenta o realismo, soma-se a ele. É a pincelada deste realismo tão absurdo que faz o público se identificar, vez ou outra, com a rotina das personagens, proporcionando uma crítica atemporal aos casais que se aturam.


segunda-feira, 18 de abril de 2016

Sobre Baal



Sabe quando uma peça de teatro te rasga densa e intensamente, te perturba, tira do ninho e coloca para pensar? BAAL, a primeira peça escrita por Bertholt Bretch tem o ingrediente básico que um bom espetáculo precisa: ousadia. Foi escrita em 1918 e trata-se, de certa forma,  de uma resposta a “O Solitário”, escrita em 1917 por Hanns Johst. Brecht entrou em desacordo com a história de Johst sobre o poeta alemão Grabbe repleta de idealismos. Portanto, Baal é mais realista e menos romântico. Também é notável que Brecht se inspirou em obras do dramaturgo Büchner, do poeta Rimbaud e na vida de Josef K.  A multifaceta da obra permite um expressionismo isento de idealismo e ao mesmo tempo, repleto de críticas à burguesia europeia.

Em hebraico, Baal significa senhor, patrão, marido ou divindade. Miticamente, era um deus semita, adorado por cananeus e fenícios, tendo o controle do sol, da chuva, dos trovões, da agricultura e da fertilidade. O Baal de Bretch é poeta, cantor, sedutor nato e um bêbado errante. Engravida Sophie e seduz a amante do melhor amigo Ekart, a quem assassina. O personagem contrapõe a coragem ao medo. É capaz de amar e odiar com a mesma intensidade.

Ao primeiro olhar, a peça parece desmerecer as mulheres, mas na verdade, representa um tempo histórico, o pós Primeira Guerra Mundial. O certo é que as impressões a respeito desta peça são muitas e o diretor Thierry Tremouroux, responsável pela montagem apresentada no estacionamento do Freeway Center  (Barra da Tijuca – RJ) soube aproveitar muito bem isso. Logo no começo, parte do elenco, que conta com Aline Marques, Beatrice Sayd, Bianca Sacks, Brigida Menegatti, Bruna Macaciel, Carolina Alfradique, Dhan Marcell, Diana Werneck, Dom Maia, Duda Paiva, Éllen Rambo, Fabiana Gois, Felipe Fagundes, Gerson Ferreira, Lívia Frazão, Luisa Bruno, Marco Lourenço, Marilha Galla, Rafa Baronesi, Rodrigo Turazzi, Tadeu Tannouri, Táyra Sodi, Victor Fontoura, Wagner Herrero e Yris Sampaio esclarecem suas opiniões sobre o espetáculo que surpreende com um carro que invade o palco, fogos de artifícios, pessoas e poesias nuas e cruas...E O que é mais provocativo que isso? Baal é sem dúvida uma válvula de escape para o atual mundo polarizado em que vivemos e isso basta!


quinta-feira, 7 de abril de 2016

Teatro em Taquara

Quer um final de semana diferente? O teatro pode proporcionar isso. A dica da vez é o Laboratório de Teatro da CATP, que reúne esquetes de diferentes autores com um objetivo em comum: provocar o público, através do palco nu, aquele sem cenário e poucos objetos cênicos em um ambiente intimista. Toda aposta está no talento do elenco, guiado por diretores seguros. É impossível não sair de lá provocado e emocionado. É impossível sair de lá com as mesmas ideias.

 "Decifrando Sade" de Márcio Zatta, mergulha na vida do inusitado Marquês de Sade, uma das personalidades mais intrigantes da literatura mundial. 



"Pirandello Reduzido" do mesmo diretor é calcada no extremo ciúme do marido por sua esposa, sendo livremente inspirada na obra do dramaturgo italiano Luigi Pirandello. 



Flávio Alves, também marca presença na direção com "Inquisidor", baseada no poema contado por Ivan Karamazov ao seu irmão Alieksei, dentro do livro Os Irmãos Karamazov. 



Além disso, assina o texto "Anos de Chumbo", dirigida por Roberto Meniguelo. Nada mais propício, não é verdade?



Já a cena Filho Meu, inevitavelmente nos remete ao espetáculo Filho Eterno, justamente por ser um monólogo e pela temática da síndrome de down. É bom considerar que ser comparado com os Atores de Laura não é pouca coisa. Aliás, a cena escrita por Rodrigo Santos, que também interpreta, e dirigida por Marquinhos Sylvestre tem seus méritos, que não são poucos.



Quer tiras suas próprias conclusões? Apareça no Teatro da CATP (Estrada do Tindiba, 2495, Taquara - Jacarepaguá). O espaço fica bem perto do BRT de Taquara.











quarta-feira, 6 de abril de 2016

História em Versos

Não posso dizer que não gostava de poesia, até porque eu não lia poesia. Comecei a escrever poesia na faculdade de História, em especial nas aulas de Práticas Pedagógicas, onde cada aluno precisava, através das artes, falar de inclusão social. Assim nasceu o poema Identidade. Depois de começar a escrever é que comecei a ler poesia com certa frequência.

Em 2012, em parceria com o historiador Charles Lucas Caetano, iniciei as pesquisas para o trabalho de conclusão de curso da pós – graduação em História e Cultura da América Latina. O tema escolhido foi: “Guerra do Paraguai: Visões Históricas, Artísticas e Literárias”. A minha grande surpresa foi encontrar um poema de Machado de Assis narrando partes da guerra. 

A poesia estava mais ligada à História do que eu poderia supor. Resolvi usar a poesia para ensinar os meus alunos e deu muito certo. Muitos deles pegaram gosto pelos livros, pelas poesias, aliás, muito deles passaram e escrever poesias. Alguns já escreviam, só precisavam de uma empurrãozinho.


Cada conquista de algum aluno meu é uma conquista minha. Cada livro que publico, dedico a eles. Hoje, tendo participado de livros como “Professores não só ensinam, eles também escrevem” da Big Time Editora, “A Matriz da Palavra – O Negro em Prosa e Verso” e “Rio de Palavras – 450 anos de História” da Litteris Editora, posso afirmar que a História não se limita, nós é que a limitamos. 

quinta-feira, 31 de março de 2016

Crítica Teatral: "Dorotéia - Uma Farsa Irresponsável"


Não sou crítico de teatro. Sou apenas um espectador que se encanta com qualquer tipo de arte. Desta vez  venho falar sobre "Dorotéia - Uma Farsa Irresponsável", peça escrita por Nelson Rodrigues. Trata-se da história de uma prostituta que cansada da beleza decide se refugiar na casa das parentes feias. O diretor Jorge Farjalla consegue com segurança desnudar a dramaturgia rodriguiana. É o típico de peça que causa náuseas. Graças! Não me permito sair do teatro em estado de incolumidade. O público se choca porque se vê.  

O cenário nebuloso, os figurinos épicos e a musicalidade deram um tom poético a uma peça mítica (e de certa forma psicanalítica), que poucas pessoas tiveram a ousadia de montar, talvez, em virtude de sua complexidade. As contradições começam com o título: Dorotéia não é uma farsa, muito menos, irresponsável. A própria protagonista não sabe se quer ser linda ou feia e acaba querendo as duas coisas. Como prostituta, ela fala de amores, ao mesmo tempo em que fala da falta de amor. Soma-se a isso mais um contraste:  a ideia de colocar os homens-jarros, personagens que estão no palco e ao mesmo tempo não estão; assumem a função de personagens e a de espectadores. É tudo muito louco, mas uma loucura que deu certo. 

A temporada no Jardim Botânico nasceu em um momento propício: a comemoração dos sessenta anos de carreira da magnífica Rosamaria Murtinho, que estrela o espetáculo ao lado de Letícia Spiller, impecável como a personagem título. Todavia, a personagem que mais chamou minha atenção foi a menina morta, interpretada por Anna Machado, com desenvoltura impar. Às vezes ela parece mulher, às vezes parece menina.  Dida Camero, Jacqueline Farias e Alexia Deschamps também defendem bem suas personagens. Todo o elenco tem uma presença muito forte em cena. 

Em um momento tão conturbado para o nosso país, onde ultrapassam o limite do bom senso com tantos discursos de ódio, a dramaturgia de Nelson, sempre atual, questiona o radicalismo ao proporcionar o embate entre as feias e a bela Dorotéia. O mito da beleza desmorona. Todo mundo envelhece. É preciso saber envelhecer. Algumas falas remetiam ecos, representando as ideias pré-concebidas que se espalham entre as pessoas.


sábado, 26 de março de 2016

O Grande Circo Imaginário - crítica




Apresentar um espetáculo infantil é uma grande e difícil missão para qualquer ator, pois este é um público sincero. Os atores ROBERTO MENIGUELO e FELIPE GONÇALVES conseguiram manter durante o espetáculo O GRANDE CIRCO IMAGINÁRIO um bom dinamismo, chamando atenção das crianças e dos adultos. É mais um mérito para o diretor MÁRCIO ZATTA, que dirige peças infantis e adultas (como Apocalipse) com o mesmo pulso e segurança. Os palhaços interpretados pelos atores formam um interessante contraponto. Enquanto um carrega a ingenuidade, o outro é o típico malandro. Apesar das diferenças, possuem uma coisa em comum: os sonhos, ou melhor, a eterna busca pelo circo imaginário. Trata-se de uma bela homenagem não só aos palhaços, mas aos artistas em geral, que sempre procuram se reinventar dentro de sua arte. Os atores, que encerraram recentemente uma temporada  no Teatro Armando Gonzaga (Marechal Hermes - RJ) se preparam vai percorrer escolas de todo o Brasil a partir de maio.


segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Francisco - do tempo em que se nascia bufão

FRANCISCO – DO TEMPO EM QUE SE FAZIA BUFÃO encerrou recentemente uma belíssima temporada no Teatro Ipanema. A peça contou com elenco formado por O elenco é formado por Poliane Phifer, Cleyton Diir, Jefferson dos Santos, Lucas Botelho, Marcele Nogueira, Rafael Ribeiro, Tamara Innocente, Thales Sauvo e Vinícius Domingues. A dramaturgia e a direção ficam a cargo de Ângelo Faria Turci. A roupagem medieval, os trejeitos peculiares das personagens e a suave musicalidade levaram ao espetáculo do Theatrum Mundi, muita poesia e um caráter intimista. O espectador se diverte e se emociona do princípo ao fim com a tragetória da trupe faminta que deseja montar a história de São Francisco de Assis. Durante o processo, os atores, enfrentam, além da fome, a solidão, o frio e o medo que o tempo passe e perdas de bons amigos. A grande mensagem, é que aconteça o que acontecer, o teatro tem que continuar... E que venham os aplausos! 


Entrevista com a escritora Débora Zambi

Desde que resolvi retomar meu blog, pensei em entrevistar artistas completos. Este é o caso de Débora Zambi, que lançou o livro “Aos Olhos do Poeta” na Bienal do Livro (RJ) e agora começa a descobrir o mundo do teatro. Como estão sendo essas descobertas? Como era a Débora antes do teatro e como é a Débora depois do teatro?
Fascinante, antes eu era um ser a procura de algo, hoje encontrei meu ser em algo que é o teatro! Ele me trouxe vida e abriu meus horizontes, posso ser tantas em uma só, posso manifestar minhas insatisfação ou satisfação através da arte!

Poeta ou poetisa?
sou poetisa, é assim que gosto de me titular , sei que tem colegas que gostam de serem chamadas de poetas, mas eu confesso sou feminista, acho que cada um gênero e eu uso o meu!

Além de escrever, produzir, ministrar palestras, e agora atuar, você é mãe. Como consegue conciliar? Como o seu filho lida com tudo isso?
Quando você ama o que faz e realmente quer se dedicar a isso, arruma um jeito.  O segredo é se programar, minha vida é toda programada. Nas horas vagas eu estudo e posso contar com meu esposo excelente que divide as tarefas do filho comigo! Enquanto meu filhote , ele me surpreendeu a primeira vez super adora me acompanha nas agendas culturais , algumas que dar pra levar eu o levo, ele é apaixonado por teatro , já assistiu todas as minhas apresentação do infantil com meu palhaço , ele vibra em todas elas como se fosse a primeira vez, participa, opina , descobri que ele é um ator nato , já fizemos uma série de web juntos ele como personagem principal , deve estrear esse ano pelo cine oportunidade e no teatro participa comigo em alguns ensaios! Ele adora a arte! isso facilita, já que não tenho empregada nem babá.

Vejo que andas mergulhada no universo infantil. Pode falar alguma coisa sobre o livro que está escrevendo para crianças? De alguma maneira, o seu filho influencia nesta empreitada?
Meu filho é claro que me influenciou, a maternidade tem isso, queremos fazer algo para melhorar a sociedade que deixaremos para os nossos. Me tornei mais sensível às coisas ao meu redor, o mundo ganhou um colorido. O universo infantil é mágico. Quando fui convidada para fazer teatro pela minha querida amiga e diretora Sany Baroni, ganhei dela de presente o palhaço Carambola; fui percebendo que esse dom de lidar com as crianças vem de tempos em mim , já trabalhei em diversas áreas com crianças e o Carambola me fez achar esse equilíbrio , a troca com elas é fascinante, a recompensa, a sinceridade me fizeram querer muito escrever para elas; pensei em algo como poesias, Uma história divertida com o Palhaço Carambola, mas acredito e afirmo por experiência própria, que o escritor não escreve o que ele quer mas sim algo que a sociedade precisa , não que poesia para crianças esteja descartada mas no momento veio uma linda história infantil que acabei de publicar e será adaptada para o teatro.

É sobre o que?
É sobre o povo indígena , um amigo que morou em minha casa em Araruama na região dos lagos era um indígena da tribo ticuna em Manaus ele me influenciou com suas histórias sobre seu povo e muito queria falar de nossas raízes, nosso povo, uma princesa sem ser da Disney, de fora, mas Brasileira com que as nossas crianças se vejam, se identificam e não com esse estereótipos que a sociedade nos impõe, minha diretora também tem a mesma visão de teatro, então nós unimos com propósito de levar a nossa Brasilidade na arte!

De onde surgiu a ideia de interpretar o palhaço Carambola?
A idéia surgiu da minha diretora de teatro, Sany Baroni que interpretava e dirigia a peça, um belo dia ela decidiu só dirigir e me fez o convite que aceitei imediatamente!
Como disse meu pai que nunca imaginou na família ter um palhaço , na verdade nem eu, ele ganhou vida própria e foi pra rua !

O que te levou a escrever?
Os amigos. Me lembro o dia do primeiro aniversário do meu filho que fiz uma homenagem a ele lendo o poema que escrevi assim que ele nasceu, todos aplaudiram e disseram que eu tinha que publicar um livro pois eu tinha o dom da poesia , das palavras, família e amigos sempre pediam que eu fizesse um poema para homenagear alguém ou alguma coisa, até minhas sobrinhas tem poema, cada um da minha família me inspira de alguma forma, escrevo desde que me entendo como gente , desde muito pequena eu lia muito e escrevia histórias , poemas, sou de uma época da caneta e papel, envelopes de cartas, coleção de papel de carta, cartões, enfim de pessoas que escreviam e liam o tempo todo, hoje com o teclado e computador, facilitou para um lado e impossibilitou para outro, sou da época das pesquisas em bibliotecas físicas e livro emprestados , acho que isso criou um hábito e contribuiu para quem sou.

Quanto tempo você demora para escrever um livro?
Depende muito, levei seis meses para escrever um romance , o de poesias levei um ano, mas um poema escrevo e um ou dois dias dependendo se ele vem pronto como na maioria das vezes, se não vou escrevendo ao longo do que é me passado fielmente pela inspiração.

Lançar um livro na Bienal certamente faz a diferença na carreira de um escritor. Como foi a repercussão do livro por lá? Também lançou em outros lugares? Quais?
Sim, A bienal para a maioria dos escritores é um marco na carreira, é a consagração , vi alguns amigos escritores dizendo ao contrário, que era só um tipo de comércio, eu discordo , lá é que estão reunido todos os leitores compulsivos , de todas as idades e gostos. Lancei no Espírito Santo, fui para uma rádio de lá falar sobre meu trabalho , fui recebida pela prefeita e secretárias de educação e cultura, deixei dos livros , uma para biblioteca municipal da cidade e outra para a escola de ensino fundamental da mesma que me acolheu e abriu as portas para o evento , já que o teatro municipal estava em obras, lancei o livro na Arena da pavuna e recebi vários convites para noite de autógrafos, como o do Cedine , centro estadual dos direitos dos negros, minha agenda ficou tão lotada que o ano foi pouco para a divulgação do meu livro e graças a minha participação na bienal , fiquei conhecida e irei este ano para São Paulo receber uma comenda por ter se destacado minha área como a melhor do Brasil, representando o Rio de Janeiro, tudo isso graças à bienal!

Em Brasília, apoiou a marcha das Mulheres Negras com poesias que trabalham a inclusão. Vejo que a poesia é usada cada vez mais como uma arma contra as injustiças. Através da poesia, podemos fazer críticas aos nossos governantes e chamar a atenção da população. Você acha que o povo gosta de poesia? O que podemos fazer para chamar mais atenção, para que ouçam a nossa voz?
Sim, acredito fielmente que a poesia , num todo a arte tem que ser um instrumento nas mãos do artista para a mudança de um povo, tenho uma convicção de que a arte seja ela na música, na poesia, no teatro, no cinema, tem por sua existência a transformação do mundo, nela podemos gritar, falar, discordar, fazer valer nossos direitos perante a sociedade, que pena que não vejo isso em emissoras de televisão que ao invés de abrir a mente de um povo os aprisionam ainda mais, faz tempo ou anos que não assisto canal aberto, vejo que é manipulação para a elite. Com minhas poesias fui as ruas de Brasília , lutar pelos direitos das mulheres negras, que são as maiores vítimas de uma sociedade machista e preconceituosa, acredito que é nas ruas que devemos gritar pelos nossos direitos é nela que devemos nos fazer ser ouvidos. O poeta é um desbravador de mares e continentes, o que realmente me incomoda é ver nas redes sociais alguns amigos elogiando um outro país sobre cultura, uma pessoa que recebeu um dom , estudou e pagou os estudos com a ajuda do governo no mínimo teria que retribuir o que lhe foi dado de bom grado , o problema não é o lugar e sim as pessoas que não se esforçam pra fazer dele o melhor, digo isso de pessoas que se quer colocaram a cara a tapa nas ruas, defenderam uma causa ou se quer se expõe ao sair de sua zona de conforto, como disse uma vez a minha diretora, Sany Baroni em uma conversa sobre o assunto o que falta é jovens como antigamente, que ao invés de falar mal iam as ruas lutar , mas tenho bastante amigos que seguram a causa e lutam por ela , como um amigo Pedro Gerolismich , que leva cultura as praças do Rio e agora tem o sarau da Utopia em Marica, estou muito feliz em ver a poesia nas ruas com saraus e poetas como nós, amigo Brunno, não deixamos a poesia morrer e vejo que tem crescido os grandes poetas que surgem a cada dia, isso sim vai difundir ainda mais a poesia, sei que muito temos por fazer para sermos ouvidos é um processo longo mas que está progredindo a cada dia e Viva a Poesia!

Você é frequentadora de saraus que acontecem pelo Rio de Janeiro. Quais costuma frequentar? O que há em um sarau, além de poesia?
Sim, sou frequentadora assídua. Frequento Arena Jovelina Pérola Negra na Pavuna, cinevuna da Pavuna, Biblioteca Paulo Freire Anchieta, Marica , sarau da Flizo e tantos outros que tem pela cidade e que recebo convite, além da poesia falada declamada tem a cantada, musicalizada e encenada resumindo teatro, dança, música, artistas plásticos e etc pessoas artistas de todas as áreas e principalmente chamados de artistas de rua

Você ganhou um troféu pelo poema “Sonhos e Fantasias. Pode falar um pouco sobre isso?
Ganhei em 2007 , um concurso de poesias pela editora moderna e junto com outros escritores meu poema fez parte de um livro de antologia! Isso bem antes dele fazer parte do meu primeiro livro Aos Olhos do Poeta.

É verdade quem em 2016 será condecorada com o título de Comendadora?
Sim, recebi no começo do ano a notícia de tal comenda, fruto da Bienal , é um evento da Brasilider que homenageia os melhores do ano do Brasil pessoas que contribuem para uma sociedade melhor engrandece a pátria, então em julho deste vou para São Paulo receber o título e troféu, me sinto honrada e feliz por essa comenda tão nobre , agradeço a Deus , quem me indicou ( não foi informado ) mas sei que quando é indicado corre um levantamento de dados antes de comunicar a pessoa indicada, aceitaram minha indicação me sinto feliz de estar sendo reconhecida em meu país pela Brasilider e o estado de São Paulo, é muito bom ser reconhecida em sua terra, na sua casa, antes de ir para exterior, muita gente foi premiada como a talentosa atriz Cláudia Rodrigues da globo , irei representar o Rio de Janeiro , com outros melhores do Brasil, Obrigada Brasil, obrigada família , obrigada minha editora perse, obrigada amigos , Obrigada São Paulo e Brasilider!

Geralmente você escreve poemas, mas publicou o romance João de Monte Belo. Do que se trata? Já tem data de lançamento?
Nunca ousei pensar escrever um romance, antes de ser escritora sou poetisa, ele veio como um conto e se desenvolveu como romance, foi uma experiência fantástica e única , enquanto escrevia eu era leitora ansiosa e compulsiva para esperar o próximo capítulo, a história é baseada em João brasileiro, trabalhador, lutador , mas com uma pitada surpreendente do destino que muda tudo, o romance tem um pouco do João da música do Legião Urbana, sempre me intrigou esse João, tive até um sapo com esse nome na parte do João e Viviam seu grande amor tem uma música que fecha sempre a cena Thousan, fui fiel ao que me foi passado a história , o lugar que se passa em Araruama região dos lagos, é uma história surpreendente que vai pegar o leitor até o final, meu primeiro leitor é uma das pessoas mais críticas que conheço e quando ele terminou de ler desceu em aplausos, como todo machado tem sua Carolina, meu esposo também é o crítico, leitor que me deu o ok que precisava para publicar, João de Monte Belo ainda não tem data marcada para o lançamento, acredito que depois de março terei acertado lugar , data e hora me acompanhe nas redes assim e ficará por dentro de tudo:, @deborazambioficial, blogue Poetisa Débora Zambi, fanpage Débora Zambi e Twitter @deborazambi email ar-gentina@ig.com.br

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Entrevista com Márcio Zatta

1)   Acredito que o teatro precisa provocar. O público pode gostar ou odiar, mas não pode sair indiferente. Das peças que assisti, a mais provocante, em todos os sentidos, foi Apocalipse. Então, venho aproveitar este espaço para entrevistar o diretor deste polêmico espetáculo. Márcio Zatta, em primeiro lugar, qual é a sensação de apresentar uma peça em uma casa, fazendo o espectador percorrer os diversos cômodos?

MZ: A sensação é de prazer pleno ao perceber que o objetivo foi e só seria atingido se o trabalho fosse realizado desta forma.  O espaço escolhido agrega questões fundamentais. O suspense causado por trafegar por entre locais desconhecidos, espaços distintos com formas geométricas também distintas, proporcionando a plateia uma observação prismática diferente, possibilidade de temperaturas e cheiros diversos em cada cena, maior proximidade entre o elenco e publico e em determinados momentos a inserção deste público nas cenas, entre outras.


2)   De onde saiu a ideia de montar Apocalipse? Como foi a preparação do elenco e a repercussão da peça?

MZ: A ideia surgiu em 2002. Eu recebi um convite para implantar um curso de teatro profissionalizante no interior de Minas Gerais, na cidade de Divinópolis. Quando estava por lá, conheci o autor e dramaturgo Izaac Erder e falei pra ele que estava afim de escrever uma peça de teatro que se passasse dentro de uma casa. Ele me perguntou se eu já tinha o argumento  e respondi que seria algo que mostrasse a realidade atual. Fui para o hotel onde estava hospedado e comecei a pensar. Foi aí que me veio a ideia de aproximar o apocalipse bíblico dos dias atuais e escrevemos a peça em parceria.

Cena de Apocalipse


Ensaiamos durante sete meses, cinco dias por semana. Mergulhamos no processo Artaudiano, pois eu queria pontuar o espetáculo em cima do Teatro da Crueldade e principalmente do Corpo sem Órgãos. Ensaiamos exaustivamente e fomos muito mais fundo nas cenas do que realmente levamos para a encenação, para que se tornasse uma coisa simples e cotidiana tudo o que acontecia na encenação para os atores, como se recebessem por osmose. E conseguimos atingir esse objetivo.
A repercussão do espetáculo foi a melhor possível, desde a primeira montagem em Vitória-ES, onde sites especializados do teatro local, costumam pontuar que “Apocalipse” marcou época no teatro capixaba e até hoje sou procurado por estudantes capixabas de teatro para falar sobre o processo de montagem da peça. Aqui no Rio, da mesma forma. Sempre pedem para a peça voltar. No final do ano passado o processo de montagem da peça serviu para a tese de uma estudante de Técnicas de Prevenção contra Acidente no Trabalho. Ou seja a repercussão foi ótima.

3)   No que diz respeito às reações dos espectadores, o que foi mais inusitado em Apocalipse?

MZ: Como disse, as cenas geram uma proximidade intensa e muitas vezes interativa com o espectador. O espetáculo é constituído essencialmente de cenas muito fortes e realistas. O que causa emoções e sensações diversas na plateia. Já aconteceram situações fantásticas entre elenco e plateia e entre os próprios espectadores com eles mesmos. Exemplos: Términos de relacionamentos de casais, por motivo de ciúmes, dentro da cena do Inferno, ao mesmo tempo que várias pessoas interagiam com o elenco desta cena, vômito de um espectador na cena dos Fanáticos Religiosos, uma pessoa pedindo para sair por não suportar ver as humilhações que acontecem na cena da Prostituta Maria Madalena, choro compulsivo de espectadores na cena da Criança, entre outros acontecimentos. Em resumo, a cada apresentação, surpresas e situações inusitadas podiam acontecer e geralmente aconteciam.



4)   Você também montou As Mulheres de Nelson que ficou em cartaz na Sala Atores de Laura. Pretende voltar com Apocalipse e/ou Mulheres de Nelson? Pode falar um pouco sobre os seus projetos atuais?

MZ: Sim, estivemos com “Mulheres de Nelson” na Sala Atores de Laura e também no Rampa Lugar de Criação, em Copacabana. Além de percorrermos alguns Festivais, onde a receptividade da crítica especializada, a classe artística e público em geral foi muito boa. Pretendemos voltar sim tanto com Mulheres de Nelson e também Apocalipse.

Cena de Mulheres de Nelson
Cena de Mulheres de Nelson


Em 2015, a Cia. Teatro da Estrutura, esteve parada, pois decidimos fazer uns trabalhos particulares que estávamos afim de realizar. Então desde junho do ano passado venho realizando dois projetos com a CATP – Cia de Arte e Teatro Popular, que tem sede em Jacarepaguá. O Projeto Práticas de Montagens, que leva a cada dois meses quatro cenas curtas à sede da CATP. Estas cenas na maioria das vezes são realizadas com alunos das oficinas da CATP, mas isso não é uma regra. A [única regra que existe é que as cenas primem pela qualidade e que os alunos possam executar na prática o que aprendem na teoria. Metodologia teatral, encenação de grandes autores e cenas autorais também. Já encenamos Pirandello, Suassuna, Nelson, Marquês de Sade, Strindberg, entre outros. O outro projeto chama-se Teatro na CATP, onde também a cada dois meses encenamos espetáculos de até 40 minutos de duração. No momento estamos com um espetáculo na linha do Teatro do Abusrdo, chamado “Partícula de um Qorpo-Santo”, onde peguei o texto “Matheus e Matheusa” e fiz uma adaptação, interferência e direção desta peça, que é do gaúcho Qorpo-Santo, considerado o primeiro ensaísta do Teatro do Absurdo.  

Cena de Partícula de um Qorpo-Santo




5)   Vejo nas peças que você dirige um pouco de Brecht, do próprio Teatro do Absurdo... Também vejo um pouco de Nelson Rodrigues. Quais são as suas referências?

MZ: Procuro desenvolver um teatro autoral, mas lógico que tem referências fundamentais para este desenvolvimento. Artaud, Brecht e Grotowski. Aqui no Brasil o Antunes Filho e na questão do Teatro Ritualístico o Zé Celso.

Cena de Mulheres de Nelson


6)   Na sua opinião, o brasileiro gosta de teatro? O que ele procura no teatro?

MZ: O brasileiro gosta de teatro. Mas com a massificação (super clichê isso, mas fazer o quê?) imposta pelos meios de comunicação, em especial a TV Aberta (Plim Plim), o brasileiro acaba buscando no teatro uma extensão do que vê na televisão. Ou seja ele não vai ao teatro pra ver uma grande encenação, um bom texto. Ele vai pra ver o ator X, a atriz Y, que são carinhas que entram em suas casas sem pedir licença, todos os dias pela TV.

Cena de O Grande Circo Imaginário


7)   O que você não colocaria em uma peça de teatro?

MZ: Um texto ruim. Acho fundamental a escolha de um bom texto, para que se conduza uma encenação relevante.

8)   O que é o Teatro da Estrutura?

MZ: O Teatro da Estrutura é um método teatral que criei e venho desenvolvendo desde 2007, quando morei em Curitiba com uma Cia. que levei de Vitória-ES pra lá. O nome do método acabou se transformando no nome da Cia. que criei em 2008 aqui no Rio.
O método “O Teatro da Estrutura”, falando de modo superficial e rápido, procura unir a verdade do ator, da personagem do texto e de uma terceira pessoa que tenha relação direta com o que é dito no texto. A junção destas três verdades, formam a “verdade absoluta” da personagem que vai pra cena. Aí pra chegar nisso existe uma infinidade de exercícios que venho desenvolvendo a nove anos.

Cena de Hierarquia, Nem Anjo Escapa

Cena de Senhorita Júlia

Cena de Pirandelo Reduzido e Ampliado




9)   Comecei a entrevista falando sobre a sua peça que mais me marcou, Apocalipse. Agora quero falar da primeira do primeiro trabalho seu que assisti. VEM! Por que esse nome? Você tem essa necessidade de escancarar as feridas do ser humano? O seu ego, as incertezas... As certezas, sempre tão frágeis... o estresse do dia-a-dia? Por quê? Quem é Márcio Zatta e o que ele quer mostrar ao público?

MZ: Então, Brunno. Coloquei esse nome VEM!, porque a cena fala de um chamamento que o ser humano precisa fazer pra si mesmo, pra que ele pare e veja o quanto ele tá envolvido e se preocupando demasiadamente com coisas que na maioria das vezes são completamente fúteis e desnecessárias à sua felicidade. A maioria destes seres humanos só percebem isso quando sofrem um derrame, um infarto, que os deixam com sequelas para o resto da vida.

Cena de VEM!


Sou um diretor de teatro que procura fazer o que acredita dentro do teatro. Costumo sempre dizer esta frase em relação ao teatro que desenvolvo: Pra mim o Teatro tem que tocar nas feridas e despertar questionamentos. Tem que colocar o público pra pensar. Transformar de alguma forma a sociedade em que vivemos. Acredita em um teatro cênico e principalmente pós cênico, onde o público saia do espaço de encenação pensando e refletindo sobre o que assistiu.

Cena de Decifrando Sade