Baseado em fatos reais, o espetáculo Blackbird, em
cartaz na Casa de Cultura Laura Alvim é, de longe, um dos melhores que assisti
nos últimos tempos. Trata-se de uma verdadeira aula de dramaturgia e de interpretação,
explorando
um grande tabu de maneira competente.
O premiado texto de David Harrower, que tem no Brasil, a direção de
Bruce Gomlevsky, vem agradando o público e a crítica em temporadas bem sucedidas. Antes mesmo dos atores entrarem em cena, o
cenário intimista já chama a atenção do público por estar repleto de lixo. O espectador se sente preso e desconfortável. Causar este efeito foi uma boa sacada da produção, já que as personagens, muito bem defendidas por Viviani Rayes (Una) e Yashar Zambuzzi (Ray), são presas ao passado, e revirar o passado gera nelas um desconforto.
Una e Ray viveram uma tensa relação há quinze anos atrás, quando
ela tinha apenas doze anos, e ele, quarenta. Ray cumpriu pena pelo crime
de pedofilia e agora está disposto a refazer sua vida, assumindo, inclusive,
uma nova identidade.
Eu já assisti Vivany numa comédia romântica, mas
vê-la num drama foi uma grata surpresa. Achei bem interessante o contraste
entre os dois. Ela, às vezes explode; às vezes demonstra fragilidade e às vezes é
irônica. Ele, segue sendo mais receoso, talvez por querer esquecer o passado
que ela faz questão de lembrar. Talvez, o li xo espalhado no palco seja uma simbologia ou represente as frases não ditas, as expectativas criadas... Pensei nisso justamente quando um começou a jogar lixo no outro.
Enquanto tento encontrar palavras para expor minhas opiniões sobre a peça, penso em vários "talvez"... Talvez eles se amem de verdade, talvez não... Talvez eles não consigam sair dali... Talvez resolvam ficar juntos... Talvez não se vejam nunca mais... Qual ponto de vista é o correto? O dele ou o dela? Uma coisa é certa: As incertezas que guiam o espetáculo. Mais um acerto da equipe foi aproveitar-se disso, tanto na iluminação, quanto na sonoplastia.
Enquanto tento encontrar palavras para expor minhas opiniões sobre a peça, penso em vários "talvez"... Talvez eles se amem de verdade, talvez não... Talvez eles não consigam sair dali... Talvez resolvam ficar juntos... Talvez não se vejam nunca mais... Qual ponto de vista é o correto? O dele ou o dela? Uma coisa é certa: As incertezas que guiam o espetáculo. Mais um acerto da equipe foi aproveitar-se disso, tanto na iluminação, quanto na sonoplastia.
Um dos momentos mais
fortes do espéculos é quando entra em cena uma terceira personagem: : uma menina que demonstra afeto por Ray. Neste
momento, fica visível o desconforto do público, que aguarda com ansiedade o
desenrolar dos acontecimentos.
Blackbird está em cartaz na Casa
de Cultura Laura Alvim de quinta a sábado às 21:00 e domingos às 20:00.
Ficha Técnica
Elenco: Viviani Rayes, Yashar Zambuzzi e Bella Piero
Texto: David Harrower
Tradução: Alexandre J. Negreiros
Direção: Bruce Gomlevsky
Direção de produção: Viviani Rayes
Produção executiva: Yashar Zambuzzi
Cenário: Pati Faedo
Cenotécnico: André Salles
Figurinos: Ticiana Passos
Iluminação: Elisa Tandeta
Técnico de Luz: Rafael Tonoli
Operador de Luz: Samuel Rottas
Trilha original: Marcelo Alonso Neves
Assistente de direção: Francisco Hashiguchi
Assistente de produção: Glau Massoni
Assessoria de imprensa: Alessandra Costa
Programação visual e fotografias: Thiago Ristow
Fotos de Cena: Thaissa Traballi
Realização: Rayes Produções Artísticas
Idealização: Te-Un TEATRO