segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

AS FACETAS DE KARLA ANTUNES

Recentemente organizei o Prêmio de Reconhecimento Popular e a a Karla foi a vencedora na categoria Ativista Cultural. Ela é professora, escritora e mãe. Certamente faz a diferença dentro de cada uma dessas funções que ocupa, mas isso não é o suficiente. Karla é multifacetada.  As várias faces de Karla Antunes não cabem em seu nome. Ela precisa ser Karla Antunes, Klara Rakal e tantas outras reinvenções que surgem pelo caminho. Karla precisa ser raiz, ser asa e ser ninho. Ela faz isso com tanta propriedade e quem vê pensa até que é fácil. 


Karla simplesmente faz o que ama e ama o que faz.  Karla precisa ser prosa para ser firme e precisa ser poesia para desaguar. Karla precisa ser rio de água doce, mas também precisa ser mar. Sendo mar, ela se renova a cada onda, se reinventa e nos serve de referência.  Ás vezes se aquieta, às veze se agiganta, mas não perde a luz própria. Na verdade, se for fazer as contas, Karla não diminui, ela soma, multiplica, divide... 

Essas várias faces de Karla Antunes são bem visíveis por quem frequenta bimestralmente o Sarau do Bar. A cada edição uma surpresa: microfone aberto, concurso de poesia, teatro, dança, música, quadros, comidas e todas as artes possíveis e inimagináveis. E o melhor, com todos os artistas e ouvintes se sentindo em casa. É uma honra vê-la contemplada com este prêmio, e com os outros que chegaram e chegarão. Se nos últimos tempos os artistas passam por dias difíceis, desejo que o Prêmio de Reconhecimento Popular sirva de inspiração para que continue sua jornada, por sua vez, inspirando tanta gente que como eu segue em linhas retas ou tortas os caminhos dos versos. 




quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Sobre o PRÊMIO DE RECONHECIMENTO POPULAR


Eu tomei a iniciativa de criar o PRÊMIO DE RECONHECIMENTO POPULAR para reconhecer e incentivar artistas de vários seguimentos. Trata-se de um prêmio simbólico, visto que não possui ligação direta, tampouco, indireta com qualquer instituição e como tal, teve uma repercussão maior que a esperada.  Por causa deste prêmio tive a oportunidade de conhecer novos artistas e seus respectivos trabalhos e de saber que pelo menos em minhas redes sociais tem muita gente lendo e indo ao teatro.

Desde ontem estou pensando nas melhores palavras para escrever este texto e agradecer a vocês que indicaram os artistas, a vocês que votaram, que compartilharam, que curtiram, que confiaram em mim em mais essa empreitada.

A primeira categoria pensada foi ATIVISTA CULTURAL, justamente, para valorizar àqueles que lutam para manter a cultura de pé. A contemplada foi KARLA ANTUNES, que organiza bimestralmente o Sarau do Bar, na Ilha do Governador. Esta vitória mostra que não precisamos ir muito longe para fazer a diferença, pois a Karla deu início ao sarau no bar dos pais dela, onde estiveram reunidos poetas, cantores, atores, pintores e dançarinos.

A Ilha do Governador se revelou um lugar onde a arte floresce. De lá, Adriano Soares e Suzana Jorge, autora de Textura Carioca, livro que venceu na categoria LIVRO DE POESIA, alcançaram o topo da categoria LITERATURA INDEPENDENTE, ao lado de Wallyson Souza, de Santa Rita (Paraíba). Já na categoria LIVRO DE PROSA, responsável por uma das disputas mais acirradas, a escolha foi A FRONTEIRA, romance de GUILHERME MAIA. 

No que diz respeito ao Teatro, a Ilha do Governador também marcou presença através do espetáculo DONA CAROLA de Aloísio Villar, que conquistou o primeiro lugar na categoria TEXTO, empatando com John Marcatto, autor de NASCITUROS. Além desta, várias outras categorias empataram. Em DIREÇÃO TEATRAL, tivemos Breno Sanches por PELOS 4 CANTOS DO MUNDO e Viviani Rayes, em sua primeira direção com PARA ONDE IR. Em ATOR, tivemos quatro vencedores: Alexandre Lino por O PORTEIRO, Déo Garcez por LUIZ GAMA – UMA VOZ PELA LIBERDADE, Johm Marcatto por NASCITUROS e Yashar Zambuzzi por PARA ONDE IR.

Na categoria ATRIZ, o empate foi entre Jeane Fontes (DONA CAROLA), Belle Lopes (DOM CASMURRO) e Viviani Rayes (BLACKBIRD). FAVELA 2 – A GENTE NÃO ESQUECE foi escolhido como melhor ELENCO e PARA ONDE IR como o MONÓLOGO. PARA ONDE ir empatou com BLACKBIRD na categoria MONÓLOGO.  Já na categoria musical, FAVELA 2 empatou com PIPPIN.

Finalizando, aproveito para citar o espetáculo POR ELAS, idealizado e apresentado no Centro Cultural do Poder Judiciário, que diante da função social da temática (violência contra a mulher), ganha uma MENÇÃO HONROSA ESPECIAL. 


segunda-feira, 4 de junho de 2018

Artistas da Zona Norte

Zona Norte Presente! 



    Cresce o número de eventos literários no Rio de Janeiro, mas o espaço preenchido por autores da Zona Norte ainda é aquém do esperado. Os motivos para esta lacuna são discutidos por escritores como Adriano Soares, Brunno Vianna, Karla Antunes, Mc Martina, Pedro Marinho, Rodolpho Gabry, que consideram a existência de um isolamento regional. Os artistas da Penha frequentam somente os eventos da Penha e os da Tijuca permanecem na Tijuca. É visto, porém, que timidamente novos ares começam a aparecer. Neste sentido, o Sarau do Bar além de chamar a atenção dos artistas da Ilha do Governador, onde ocorre bimestralmente, já atrai olhares de artistas de outras regiões, visto que a última edição do sarau contou com o lançamento do livro Perdas e Ganhos do popular Bruno Black. 

      A ausência de espaços promovidos pelo poder público para que a literatura alcance outro patamar é a principal queixa da escritora. Os escritores Adriano Soares, Brunno Vianna e Rodolpho Gabry fazem coro. É um equívoco pensar que a Zona Norte produz pouco. O que existe é uma descentralização da cultura local e pouco incentivo da leitura e da escrita. O escritor Pedro Marinho, que trabalhou em duas unidades de uma grande rede de livrarias, sendo uma na Zona Norte e outra na Zona Sul, ressaltou que não só o número de compradores  desta é maior, mas o número de frequentadores também. A falta de leitores ou de uma política que forme novos leitores está ligada diretamente ao fato de possuirmos na Zona Norte do Rio de Janeiro poucas livrarias e espaços culturais. 

    Os lançamentos de livros, o microfone aberto, as apresentações de Teatro e Dança, o CoNcUrSo De PoEsIa InStÂnTâNeA e as demais apresentações  reafirmam a capacidade de reinvenção de Karla Antunes, a organizadora do Sarau do Bar, que agora é realizado no Condomínio Santos Dumont. Em tempos em que é comum constatar a desvalorização da cultura, o Sarau do Bar mantém o crescimento e agrega todos os tipos de artistas. Para atrair novos olhares ao seu projeto, Karla não abre mão das redes sociais, acreditando que elas podem ampliar as vendas de livros. 


   Brunno Vianna, vencedor de uma das edições do CoNcUrSo de PoEsIa InStAnTâneA do Sarau do Bar e do Concurso Literário Machado de Assis enfatiza a importância desses concursos na descoberta de novos nomes da literatura. O poeta organizou recentemente em parceria com Dilson Lopes o I Concurso Literário promovido pela Biblioteca Comunitária Conceição Maria Lopes. Karla Antunes conquistou a terceira colocação. O vencedor, Edson Gama, também é morador da Zona Norte do Rio de Janeiro, que contou com outros classificados como Danilo Maia, Deborah Rocha e José Pontes. 

     O reduzido número de livrarias, editoras e plataformas encarecem o acesso aos livros. Carecemos sim de políticas públicas, mas não é por isso que os escritores podem jogar suas frustrações nas costas do governo. Se a quantidade de escritores nacionais publicados ainda não é satisfatória, a poesia falada encontra cada vez mais adeptos através do slam (batalha de poesias), que revelou nomes como Mc Martina. Hoje, em parceria com o irmão ela organiza o Slam Lage, que completou um ano recentemente. No pouco tempo de existência mostrou o quanto o Morro do Alemão estava sedento por arte. 

      O Slam Lage é uma forma eficaz da favela dialogar com a própria favela, mas não é apenas isso que Mc Martina almeja dentro desses eventos. A ideia é levar o Slam Lage também para as ruas para que o estado inteiro conheça e reconheça a voz da favela. O empenho da artista já é valorizado, inclusive, pela mídia televisiva. Ela chegou a participar do programa Criança Esperança e Conversa com Bial, ambos da TV Globo.



      Pode-se dizer que o espaço ainda é muito fechado para os escritores da Zona Norte, mas encontrar uma brecha é possível. Se os entraves são grandes, por outro lado, artistas como os citados nesta matéria fazem a diferença, sobretudo, na vida dos demais artistas que os rodeiam. A literatura brasileira para muitos padece, mas cada escritor tem diante de si um papel, uma caneta, as tecnologias, a sua voz e o mundo inteiro, basta ter a coragem de ocupar o que for possível, basta entender que a cultura da Zona Norte do Rio de Janeiro não é linear e buscar novos caminhos para fazê-la acontecer. 

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Crítica: Dom Chicote Mula Manca

Em 1605 foi publicada a primeira edição de “Dom Quixote de La Mancha” de Miguel de Cervantes. Inspirado nesta obra, Oscar Von Phuhl escreveu Dom Chicote Mula Manca, que recentemente a Cia de Arte Suprema, dirigida por Amaury Santos resolveu montar. Trata-se, sobretudo, de um espetáculo que exige muito cuidado pelo fato de fazer um link, ainda que de forma indireta com um clássico da literatura universal, mas em contexto geral o elenco deu conta do recado.



As personagens foram bem construídas. Os atores souberam aproveitar a oportunidade de interpretar diferentes papéis, demostrando competência para a versatilidade. Diego Hermínio, por exemplo, interpretou o Rei, o Touro, o Mendigo e um soldado. Rejane Gonçalves foi um guarda, uma fiandeira / bruxa, um soldado e o Espantalho, enquanto Natália Mendonça deu vida a uma fiandeira / bruxa, um mendigo e um mercador.  


No processo de criação de personagem também é de suma importância o figurino, neste caso, executado por Avanete Moura, mantendo em complemento com o cenário e com a produção  a proposta de representar no palco a simplicidade do texto e ao mesmo tempo explorar o espaço da melhor forma possível. A missão foi bem executada, sobretudo, nos momentos de atuações em grupo como os soldados e as fiandeiras / bruxas.  Fabrício Nascimento e Thayron Fagundes, que vieram, respectivamente, Dom Chicote e Zé Chupança protagonizaram uma agradável dobradinha.