domingo, 16 de fevereiro de 2014

Edypop

Mapa astral, alfabeto grego espalhados pelo chão, um globo ocular gigante e manifestantes mascarados marcam a mais nova produção da Aquela Cia de Teatro.
Edypop, que insere no drama grego críticas ao atual momento político brasileiro, não conta necessariamente a história de Édipo, mas a de seu pai Laio.
A peça possui excelentes interpretações de Remo Trajano (Laio), Letícia Spiller (Jocasta), João Velho (Édipo) e Jorge Caetani (Freud). O musical traz canções de John Lennon;
Laio representa o Estado fragilizado, enquanto a própria força se encontra na Jocasta.











sábado, 8 de fevereiro de 2014

A Primeira Dama da Costa Bela

No dia 02 de fevereiro assisti o espetáculo “A Primeira Dama de Costa Bela” do Davi Giordano. Primeiramente, muito me agrada ver no teatro uma peça que aborde a América Latina, e mais do que isso, consegue refletir suas peculiaridades e contradições, num momento em que as influências que sofremos são nitidamente norte-americanas.

Trata-se da história de uma primeira dama, impedida de pintar porque sua arte é uma ameaça política para o partido de seu marido. É bem interessante como a trama desdobra, a ponto dela, no final do espetáculo, tornar-se a presidente e ele ser o sensurado da vez, mostrando que tudo depende de quem está no poder.


Uma cadela que se chama Evita (alusão à EVITA, outro texto de Davi Giordano e também uma suposta influência que Costa Bela sofreria da Argentina, como se pode ver na versão de “Não chore por mim, Argentina”).


O texto e a direção possuem uma ousadia ímpar. Uma boa sacada de Davi Giordano foi colocar em duas obras que assisti (Evita e A Primeira Dama da Costa Bela), a mãe, personagem sempre marcante em qualquer narrativa, o ponto forte da mulher, sendo interpretada por um homem, e a trilha sonora, representando a teledramaturgia latina, o que veio a somar com o melodrama,implantado na medida certa. 

Seria interessante, que a exemplo dos nossos vizinhos do Cone Sul, outros dramaturgos focassem também na temática latino-americana devido aos últimos acontecimentos ocorridos como a morte de Hugo Chavez, a escolha do primeiro Papa latino americana e as revoluções que estão ocorrendo em solos brasileiros. Para que isso aconteça, a caminhada será longa. Mas, por hora fico muito satisfeito em ver que alguém está escrevendo sobre a América Latina, tão esquecida no teatro e que os trabalhos do Davi, seja Evita ou A Primeira Dama da Costa Bela, são de extrema qualidade. 




Dueto Para Um

Sem dúvidas, o SESC de Copacabana é um reduto dos bons espetáculos. No dia 24 de novembro ocorreu por lá o último dia de apresentação da peça “Dueto Para Um”, que agora em cartaz no Teatro do Jockey em curtíssima temporada. O texto é de Tom Kempinski  e está sob a  direção da atriz Mika Lins. É inspirado na história de Jacqueline Dupré, uma das maiores violinistas do século XIX, que na peça se chama Stephanie, sendo interpretada por Bel Howarick, que ganhou merecidamente o Prêmio APCA 2010 de melhor atriz. A personagem é extremamente apaixonada por seu ofício e no auge da carreira se viu limitada devido à esclerose múltipla e por insistência do marido procurou o psiquiatra Feldmann interpretado brilhantemente por Marcos Damigo.


Ela, esconde por trás do sarcasmos que carrega e do tom grave da voz uma mulher fragilizada e com medo de não conseguir acompanhar o marido. O psiquiatra a confronta o tempo todo, mostrando que outros caminhos existem e que ela pode se adaptar. O problema é esse, ela não quer se adaptar, não quer ser pela metade, quer ser uma mulher inteira para tocar o violino. Trata-se de uma batalha dura pela vida. Apenas quando ele explode e diz as verdades que ela precisava, mas não queria ouvir, é que a ficha começa a cair. 

Os figurinos de cores neutras conseguem igualar a paciente e o médico na condição de humanos, e mais ainda, o fato de estarem vestidos como concertistas nos leva a encarar os personagens como maestros. O texto é impactante e proporciona ao espectador uma reflexão sobre os limites do ser humano, que sem saída, cogita a hipótese do suicídio. No decorrer das sessões de terapia, o publico percebe o avanço da doença através dos olhos, das mãos e das posturas da atriz. Percebe em seus olhos que às vezes da vontade de resistir e às vezes da vontade de resistir. É aí que ele, sensibilizado com a dor da paciente, marca mais uma consulta. 



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