No dia 02 de fevereiro assisti o espetáculo “A Primeira Dama
de Costa Bela” do Davi Giordano. Primeiramente, muito me agrada ver no teatro
uma peça que aborde a América Latina, e mais do que isso, consegue refletir suas peculiaridades e contradições, num momento em que as influências que
sofremos são nitidamente norte-americanas.
Trata-se da história de uma primeira dama, impedida de pintar
porque sua arte é uma ameaça política para o partido de seu marido. É bem
interessante como a trama desdobra, a ponto dela, no final do espetáculo, tornar-se a presidente e ele
ser o sensurado da vez, mostrando que tudo depende de quem está no poder.
Uma cadela que se chama Evita (alusão à EVITA, outro texto de
Davi Giordano e também uma suposta influência que Costa Bela sofreria da
Argentina, como se pode ver na versão de “Não chore por mim, Argentina”).
O texto e a direção possuem uma ousadia ímpar. Uma boa sacada de Davi Giordano foi colocar em duas obras que
assisti (Evita e A Primeira Dama da Costa Bela), a mãe, personagem sempre
marcante em qualquer narrativa, o ponto forte da mulher, sendo interpretada por um homem, e a trilha sonora, representando a teledramaturgia latina, o que veio a somar com o melodrama,implantado na medida certa.
Seria interessante, que a exemplo dos nossos vizinhos do Cone Sul, outros dramaturgos focassem também na temática latino-americana devido aos últimos acontecimentos ocorridos como a morte de Hugo Chavez, a escolha do primeiro Papa latino americana e as revoluções que estão ocorrendo em solos brasileiros. Para que isso aconteça, a caminhada será longa. Mas, por hora fico muito satisfeito em ver que alguém está escrevendo sobre a América Latina, tão esquecida no teatro e que os trabalhos do Davi, seja Evita ou A Primeira Dama da Costa Bela, são de extrema qualidade.