Sem dúvidas, o SESC de
Copacabana é um reduto dos bons espetáculos. No dia 24 de novembro ocorreu por
lá o último dia de apresentação da peça “Dueto Para Um”, que agora em cartaz
no Teatro do Jockey em curtíssima temporada. O texto é de Tom Kempinski e está sob a direção da atriz Mika Lins. É inspirado na história de
Jacqueline Dupré, uma das maiores violinistas do século XIX, que na peça se chama Stephanie, sendo interpretada por Bel Howarick, que ganhou merecidamente o Prêmio APCA 2010 de melhor atriz. A
personagem é extremamente apaixonada por seu ofício e no auge da carreira se
viu limitada devido à esclerose múltipla e por insistência do marido procurou o
psiquiatra Feldmann interpretado brilhantemente por Marcos Damigo.
Ela, esconde por trás do sarcasmos que carrega e do tom grave da voz uma mulher fragilizada e com medo de não conseguir acompanhar o marido. O psiquiatra a confronta o tempo todo, mostrando que outros caminhos existem e que ela pode se adaptar. O problema é esse, ela não quer se adaptar, não quer ser pela metade, quer ser uma mulher inteira para tocar o violino. Trata-se de uma batalha dura pela vida. Apenas quando ele explode e diz as verdades que ela precisava, mas não queria ouvir, é que a ficha começa a cair.
Os figurinos de cores neutras conseguem igualar a paciente e o médico na condição de humanos, e mais ainda, o fato de estarem vestidos como concertistas nos leva a encarar os personagens como maestros. O texto é impactante e proporciona ao espectador uma reflexão sobre os limites do ser humano, que sem saída, cogita a hipótese do suicídio. No decorrer das sessões de terapia, o publico percebe o avanço da
doença através dos olhos, das mãos e das posturas da atriz. Percebe em seus olhos que às vezes da vontade de resistir e às vezes da vontade de resistir. É aí que ele, sensibilizado com a dor da paciente, marca mais uma consulta.
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