quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Entrevista com Kiury, o cover e sósia brasileiro de Charlie Chaplin.

A primeira postagem de 2015 do blog “Encontro de Cultura” será com o ator Kiury, o cover e sósia brasileiro de Charlie Chaplin. Chaplin até hoje é uma referência mundial no meio artístico. Ele completou em 2014 cento e vinte e cinco anos de nascimento. 2014 também foi o ano do centenário do personagem Carlitos. Como foi fazer esta dupla comemoração nos palcos?

Desde 2013, eu comecei  a pensar em um projeto para celebrar os 100 anos do personagem Carlitos, e os 125 do nascimento do Charles Chaplin.   Em abril de 2014, na semana do aniversário do nascimento do Chaplin, eu estreei o “Centenário Chaplin”. O espetáculo itinerante percorreu algumas instituições de caridade, e não teve fins lucrativos. Foi um trabalho voluntário. Precisava homenageá-lo dessa maneira, e também agradecê-lo por tudo o que recebi e recebo com esse trabalho.  Foi bastante emocionante! Levei o “Chaplin” para locais muito especiais.  Para realizar esse trabalho eu tive o apoio do Filipe Lima, que fez assistência de direção,  Janaína G.Saad, que fez a produção, Alessandra Grani, que gravou os áudios utilizados no espetáculo, Valkiria Nilzen, que elaborou todos os acessórios das cenas, e Giovana Lima, que fez a sonoplastia e contrarregragem.  Todos os apoiadores embarcaram no projeto, e doaram o trabalho. 



Em algum dia você se incomodou em ser reconhecido como o Chaplin e não como Kiury?

Não. O foco desse trabalho é o Chaplin, e foi ele quem criou o personagem “Carlitos”, que também é chamado de “Charlie, Charlie Chaplin, Charles Chaplin, Charlot, ou apenas Chaplin.” Tenho muito respeito com esse trabalho,e cuido com muito carinho da imagem do Chaplin. Quando eu acabo um evento ou show,  procuro não mostrar o meu rosto de “cara lavada”, pois quero deixar a “magia” do Chaplin na mente das pessoas.  Hoje, as pessoas conhecem o meu trabalho, pois são anos interpretando o “Chaplin”. Porém, tudo foi natural. Conquistei o meu espaço com a quantidade de eventos, por sempre trabalhar com empresas grandes,e ter conseguido o respeito dos fãs do Chaplin. Além dos eventos, que muitas vezes faço performances, ações ou recepções, eu faço shows e esquetes teatrais interpretando o Chaplin, e levei o personagem para espetáculos Teatrais. Tenho consciência que estou levando a imagem dele e não a minha, mas isso é orgulho! Chaplin foi, é e sempre será o maior mito do cinema.



Quando você decidiu interpretar Chaplin?

Muitas pessoas comparavam os meus traços com os dele. Sempre foi assim! Sempre falavam do meu olhar... Em 2006, eu estava no casting de uma agência de atores, e me ligaram para interpretar o Chaplin. Foi muito interessante a história! Como os meus primeiros eventos já foram grandes, pois fiz recepção em um evento da “Net”, e um da rádio paulistana “Energia 97”, eu percebi que poderia investir. Antes de começar esse trabalho, eu já era fã do Chaplin, o que contribuiu muito.  Então, decidi que esse seria um trabalho paralelo ao meu trabalho de ator.



Pode falar de “Revaudeville”, primeiro espetáculo onde você interpretou o Chaplin?

Em 2012, eu entrei para o elenco do “Revaudeville”, que foi um espetáculo de variedades. A atmosfera era bem retro! Foi uma experiência maravilhosa! Além da interpretação do Chaplin, eu fiz assistência de direção para a Lady Burly, que dirigia o espetáculo, e escrevi as esquetes teatrais. Foi a primeira vez que levei o Chaplin para um espetáculo de Teatro. Já tinha 6 anos de trabalho de cover, mas ainda não tinha feito nenhuma peça interpretando o Chaplin. Nessa época eu já fazia shows, performances e esquetes teatrais em eventos, casas de shows e espaços públicos, mas sentia a necessidade de entrar em uma peça de Teatro com esse personagem. Em “Revaudeville”, eu trabalhei vários lados do personagem, fui do drama para a comédia.



O Chaplin de alguma forma te influenciou em outro personagem?

Em 2002, quando eu ainda não interpretava o Chaplin, eu entrei para um espetáculo infantil, e estudei o Chaplin para compor o personagem. Não é curioso?  Nessa época eu nem imaginava que seria cover dele! O espetáculo era o “Pinócchio”, e eu interpretei o Grilo Falante. Para criar a linguagem corporal do personagem, eu estudei o Chaplin, Commedia Dell Arte, dança- teatro e circo. Era um personagem lúdico, caricato e cheio de vida! O Charles Chaplin sempre será uma influência no meu trabalho, pois ele é o meu ator favorito.



Como você lida com as críticas?
Para fazer crítica você precisa saber por onde começar... Muitos críticos são artistas frustrados, isso é o que sempre me dizia Walter Portella, que foi o meu primeiro mestre Teatral.
A melhor crítica é aquela que aponta os pontos positivos e negativos. Nem todos tem o talento para isso! Temos que ter cuidado ao criticar o outro. A crítica incomoda quando ela é maldosa, e possui um ar de inveja.

Você já montou algum drama?

Eu atuei em várias peças dramáticas. Mas só dirigi dois dramas.
Em 2002, eu montei o espetáculo “Delírios”, quando assumi a direção.
Em 2003, eu escrevi o texto “Um Dia Você Vai Entender”, que é um espetáculo adolescente, e fala sobre homossexualidade. A primeira montagem aconteceu no ano de 2004, e foi uma das grandes loucuras que fiz na carreira, pois mesmo sem muitos recursos, apoios e patrocínio, eu aluguei um teatro, corri atrás de público e coloquei o espetáculo em cartaz. Agradeço eternamente ao elenco que esteve comigo nessa aventura!!!
Desde 2009, Filipe Lima, que é um amigo pessoal, dirige o espetáculo. “Um dia você vai entender” já esteve em cartaz em vários teatros de São Paulo, e passou por 7 temporadas. Já atuei em algumas temporadas. Nunca tivemos patrocínios, mas conseguimos alguns apoios. Muitos profissionais da área artística já passaram por essa peça, e foram importantes para a história dela. Existe uma mensagem de amor e luta contra o preconceito. Já emocionamos muitos adolescentes, jovens e famílias.

Como ator qual personalidade você não interpretaria?

Não tenho pudores com isso, e interpretaria qualquer tipo de personagem. Acredito que o ator precisa estar disponível e entregue. Eu não trabalharia em alguns programas de TV ou espetáculos, que eu acredito que poderiam agredir o público ou espectador. Acredito que o artista tem a obrigação de respeitar a plateia. Também não ligaria o meu nome com algumas empresas em filmes comerciais, principalmente se eu souber de algum histórico de machismo, racismo, homofobia ou desrespeito com os animais. Personagem eu faria qualquer um, trabalhos nem todos! Existe diferença.

Você é engajado em projetos sociais, onde o seu Chaplin tem suma importância. Qual a repercussão deste seu trabalho?

Sempre trabalhei com voluntariado. Isso vem da minha família. Minha mãe sempre teve, e tem uma alma voltada para a caridade. Realizei trabalhos em hospitais, ministrei muitas aulas de Teatro em comunidades carentes, e fazia shows de palhaços gratuitos. Sinto a necessidade de levar o Chaplin, e doar essa Arte. Acho importante fazer esse tipo de trabalho. Você precisa doar, e não apenas querer receber.

 


Como estão seus projetos?

Hoje, passaram aquelas ilusões que muitos atores e atrizes possuem! (risos) Eu deixo a vida e a carreira me levarem! Não tenho pressa.



Fale um pouco das peças em que atuou :

Comecei minha carreira em 1998, atuei em alguns espetáculos Teatrais. Trabalhei com os diretores Walter Portella, que me dirigiu nos espetáculos “Os cabeças quadradas” e “Infidelidade teu nome era amor”, Péricles Martins, que me dirigiu em “Anjos Profanos”, Charles Daves, que me dirigiu no musical infantil “A pequena sereia”, Edson Mendes, que me dirigiu no infantil “Pinócchio”, Ivaldo Bertazzo, que dirigiu o musical “Mãe Gentil”, que eu fiz parte do coro dançante, e trabalhei com outros diretores. Todos os processos foram importantes.



Para finalizar, qual mensagem você quer passar para as pessoas que acompanham o seu trabalho?

Não quero ser apenas um artista de entretenimento. Gosto de conteúdo! Quero através do meu trabalho fazer as pessoas sorrirem acreditarem nelas, mas quero fazer elas refletirem, pensarem ou conhecerem sobre algum assunto. Acredito no papel social do artista, e preciso ser um instrumento para isso. A arte existe para o mundo ser mais precioso, e não sobrecarregado de situações e coisas que prejudicam a nossa existência. A arte faz as pessoas desejarem um mundo melhor para elas, para o planeta e para os outros. Namastê.






Um comentário:

  1. São pessoas assim que o mundo precisa, parabéns mais uma vez por seu trabalho e tragetória de vida, beijos.

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