quarta-feira, 27 de maio de 2020

Texto de Felipe Favrat Sobre Viver



Lá Luiza et la lune

Lá Luiza é a história:
Não morreu duas vezes não
à porte.
Por quê? Porque o amor
é uma compensação
da morte.

É na univer-cidade
que se vive a idade.
O amor, dor, sem senhor;
Quando vejo o sol pôr...
Luiza na Grama Azul
Sempre a mirar o sul.


Lácrimas sem súplicas,
Rubricas sem rúbricas,
brincadeiras sem brincantes.
Pomba selvagem cem bicas
pãezinhos de donatários
em armários com bicas.

Os ventos, brisas de briques,
calmos, monó, agitados.
Cá, não diz divino bocado,
não citarei Deuses alados.
Né, pois só a humana mana
que prima nossa dada é.

No fundo do Fundão
bem num furo no chão,
lá suportava a existência
sem filoso sem ciência
só história sem estória
nem glória nem memória.

A solidão chega com
duas pessoas e permanece,
pois pode haver companhia
sem Companhia sê.
É ter a multidão
e a multidão sozinho tê

, mas, porém, entretanto
eu queria acompanhar.
Cheguei como o vento,
mas sou mais denso que o ar.
Ofereci um mirtilo
aquilo azulado causar.

“Saluto, alteza! Princesa...”
“Alto lá! Seu marajá,
sou guerreira, não freira!
Meu nome é Luiza, não Frisa.
Prazer, será meu ente, ‘tenente’?!”

Os braços mais finos,
o ventre chapado;
Busto encorpado,
rosto feminino;
O negro cabelo...
Ah! Morena clara (em pelo).

“Eu não, eu não sou milico
nem crentelho sou”
“Guerreira por lutá
[E nisto suou]
Contra algo que me dá”
Tirando o cardigã
Revelando-me o amanhã.

Mas mais o que cultiva ego
interessado em inteligência
e boníssimo coração.
Pouco importa beligência
ou tão somente a beleza
queria saber sua em Cia.                                                   
Falamos de todo mal
Que pode achar um casal:
Famílias doenças guerra!
Preconceito, interesse e posse!
“Lia que desavenças da Terra
Feito essa tosse... Cof!

Disse ela em voz sedutora:
“Nunca amei, amada? Não fui.
Essa boca não beijou
nem a outra.” [riu!]
“Cor? Ah... O coração a vir, em??”
“Oh! O coração é virgem.”

Convidou-me p’ra jantar
eu com estrelas, luar.
E quando a encontrei
me encontrei ora lá.
Jantamos dedo do diabo
com blueberry da má.

As pálpebras meio cerradas
pontiagudo para o sul
num mordisca maçanhento
A fatal fatia fica azul
E contra todo lamento
Pinça ainda vivo o Hajul.

“Chapéus fazem minha cabeça,
e mitras fazem o dízimo.
Chapéu, máximo civil!
Que Marte campo dizimo.
Belo, sumo econômico
que não passa de um mimo.”

“Belo, bom e verdadeiro”
“Em piso e em terreiro
“Uma pluma explosiva,
pena a pena ser viva.”
“Com córnio e corno
e mais um adorno.”

Comia demais o prato,
Mas o prato não comia.
Boceja, fareja, olha,
Rosna, late até mia.
Sedento, a conversa
sobre capotes me ia:

“Vamos para o escuro
lá o silêncio nos espera.”
“Haverá riso e gozo
talvez uma quimera.”
Era já a nova era
“Agora será a vera.”

Sob a luzeiro lunar
sobre as nuvens no ar
com cigarras a cantar
ao labirinto-hotel
sem saber do que será
nós fomos fortes fidalgos.

De algo que não se mede:
Escadas, voltas,, redemoinho...
Quartos de duas, três portas.
Ela de cetim; eu, linho.
Acendeu-se vermelhária
tomar o roxo do vinho.

Só ouvia o respirar
sozinhos no oposto
Peguei-lhe a mão
toquei-lhe o rosto
o ósculo oblitera
com todo corpo encosto.

Desta seda mais azul
abri o botão estimo
a pele era cor pérola
(a escura também estimo).
Sairam dois milagres brancos
piscaram como mimo.

Ajoelhei-me como rei
e nobre fosse princesa.
Beijei-a a outra boca
deixei-lhe toda acesa.
Lambeei o ventre
ficou-a mais tesa.

Saiu prazer líquido
como a modernidade.
Morreu de morte matada
atada ao ariete.
Na flor da idade
bem no meio da cidade.

Elevou-se às ideias
O quer era puro carnal.
Amor que se chama
a erótica chama.
Era um sendo dois
por mais de um canal.

E acordou com o galo,
mas como uma felina.
Eu, só como um gatuno
lá fora só vosso gado.
Vestiu carmesim mui fina
nos despedimos na esquina.

Disse, falou, revelou
que ia estudar na UERJ,
mas nada contou a mim.
Pois bem, de lá pulou:
Aah! Tááh! Érr! Gi!
Porque ainda a solidão a amou.

A indesejada de todas
 as gentes, resultado
de todas as vidas, o
banquete dos bichos, o
final permanente, a
tragédia universal.

Fiquei sem rima, palavras
quando o velório davas.
Tirei-lhe o véu, de novo
agora com o seu povo
beijei-a tão pálida, Lil?!
Numa brancura que era azul.


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