Prestigiar o trabalho dos
alunos da Escola Técnica Estadual de Teatro Martins Penna é fundamental para a
contuinuidade das ações realizadas por esta entidade, principalmente quando a
cultura do Rio de Janeiro e do Brasil como um todo passa por momentos delicados
com vários teatros e espaços culturais fechando as portas.
Os alunos da Martins Penna
fizeram da resistência um gatilho para um bom espetáculo. A Fábrica dos Cem Mil
carrega um elenco que mantém do começo ao fim uma cumplicidade ímpar com o
espaço, a iluminação e a música.
Originalmente escrita em 1920,
o texto de Karen Tchápek continua atual.
Discute o papel da mulher na sociedade contemporânea e as hierarquias, além de tecer
breve crítica ao sensacionalismo presente nas mídias. Um texto que aborda as
subordinações do dia-a-dia é complementado com os papéis espalhados pelo
palco, valiosa representação da
inevitável burocracia.
Na prática são usadas as
técnicas de Luigi Pirandello. As relações entre as personagens são quebradas e cada
uma delas passa a contemplar a própria imagem e os próprios medos. O metateatro,
que poderia ser mais explorado é uma boa ferramenta.
Percebe-se a consciência
corporal coletiva quando uma caneta cai acidentalmente e o elenco compactua com
uma riquíssima pausa e movimento de corpo até que a caneta fosse pega. Chegou a
ser poético.
A montagem me proporcionou
viagens lúdicas para universos e referências dramatúrgicas, literárias e até mesmo
históricas, já que é possível trabalhar a partir do texto a Revolução Russa, a Revolução
Industrial e a Revolução Francesa.
Uma coisa que destaco é a
imagem do anjo devidamente identificada e eventualmente trocada de posição. Imediatamente
lembrei de uma frase de Shakespeare: “Se a
rosa tivesse outro nome, ainda assim teria o mesmo perfume.” A maior surpresa é que depois de pensar nesta
citação deparei com uma rosa usada em cena.
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